São Paulo, quarta-feira, 02 de janeiro de 2008

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Candidatura Alckmin pode tirar vagas do PSDB em SP

Em disputa contra Kassab, tucanos vêem necessidade de exoneração de auxiliares

Secretários e subprefeitos tucanos, herdados de Serra, são 37 de 52; subprefeitos dizem torcer por um acordo entre Alckmin e Kassab

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo corre risco de ser palco de uma revoada neste ano. Sejam secretários ou subprefeitos, tucanos dão como certa a necessidade de exoneração em caso de candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Gilberto Kassab (DEM) para as eleições.
Eles não são poucos. No primeiro escalão, o legado do ex-prefeito e hoje governador José Serra (PSDB) chega a 15 dos 21 secretários municipais. Juntos, eles detêm mais da metade do orçamento da administração direta. Em 2008, os indicados de Serra controlarão R$ 11,18 bilhões -56% do orçamento (R$ 19,97 bilhões).
Na coordenação das subprefeituras, os números são ainda mais significativos. Pelo menos 22 dos 31 subprefeitos são da cota tucana, sendo responsáveis por 75% (R$ 834 milhões) do R$ 1,12 bilhão destinado às subprefeituras em 2008.
Quatro subprefeitos integraram a equipe de governo de Alckmin, sendo um deles -Felipe Sigollo (Vila Prudente)- o responsável pela agenda do tucano na disputa presidencial.
Embora se digam integrados a um projeto administrativo, o de Kassab, os secretários e subprefeitos alegam que não poderão continuar num cenário de disputa entre ele e Alckmin.
"É uma situação muito delicada. Como posso ficar sendo tão ligado ao governador José Serra?", pergunta o secretário municipal de Planejamento, Manuelito Pereira Magalhães. "Espero que a cidade esteja acima de disputas políticas."
A preocupação também afeta os subprefeitos. "Não posso servir a dois senhores", diz o subprefeito de São Miguel Paulista, Décio José Ventura. "Não gostaria de ser alvo de suspeição", endossa o subprefeito de Vila Maria/Vila Guilherme, Antônio de Pádua Perosa.
Sob o comando do secretário Andrea Matarazzo, os subprefeitos dizem torcer por um acordo, cada vez mais remoto, entre Alckmin e Kassab.
Dizendo que "não seria inteligente" o lançamento de dois candidatos, Lacir Ferreira Baldusco, subprefeito de M" Boi Mirim, arrisca um acordo ideal: "O Geraldo [Alckmin] para governador, o Kassab para prefeito e o Serra para presidente. Agora, quem sou eu para dar palpite? Eles é que têm que se entender", brincou ele.
Já Ventura chega a afirmar que Alckmin poderá cometer um erro político ao se candidatar à prefeitura. Lembrando que Alckmin já traz a passagem pela Prefeitura de Pindamonhangaba em seu currículo, ele sugere que o ex-governador busque espaço no cenário federal, concorrendo ao Senado.
"Acho que o Geraldo está errando. Existe o timing municipal, o estadual e o federal. Ele vai perder o timing federal e o estadual", diz Ventura, concordando com o secretário municipal Walter Feldman, segundo o qual a candidatura de Kassab à reeleição seria "natural".
Assim como Ventura, o subprefeito de Itaquera, Laert de Lima Teixeira, aponta como legítima a candidatura de Kassab. "Está cada dia mais complicado. Explique como ele [Alckmin] vai desistir?"
Admitindo que a situação é delicada, o subprefeito de Cidade Ademar, Beto Mendes, se diz um "soldado de Kassab". Sua manifestação, bem como a de Feldman sobre a naturalidade da candidatura Kassab, provocou a reação dos alckmistas.
O deputado Pedro Tobias subiu à tribuna da Assembléia para chamar os colaboradores da prefeitura de "turma do holerite". O subprefeito da Mooca, Eduardo Odloak, adverte: "Não podemos perder de vista que nosso adversário é o PT".


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