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Candidatura Alckmin pode tirar vagas do PSDB em SP
Em disputa contra Kassab, tucanos vêem necessidade de exoneração de auxiliares
Secretários e subprefeitos tucanos, herdados de Serra, são 37 de 52; subprefeitos dizem torcer por um acordo entre Alckmin e Kassab
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
corre risco de ser palco de uma
revoada neste ano. Sejam secretários ou subprefeitos, tucanos dão como certa a necessidade de exoneração em caso de
candidatura do ex-governador
Geraldo Alckmin (PSDB) e do
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) para as eleições.
Eles não são poucos. No primeiro escalão, o legado do ex-prefeito e hoje governador José
Serra (PSDB) chega a 15 dos 21
secretários municipais. Juntos,
eles detêm mais da metade do
orçamento da administração
direta. Em 2008, os indicados
de Serra controlarão R$ 11,18
bilhões -56% do orçamento
(R$ 19,97 bilhões).
Na coordenação das subprefeituras, os números são ainda
mais significativos. Pelo menos
22 dos 31 subprefeitos são da
cota tucana, sendo responsáveis por 75% (R$ 834 milhões)
do R$ 1,12 bilhão destinado às
subprefeituras em 2008.
Quatro subprefeitos integraram a equipe de governo de
Alckmin, sendo um deles -Felipe Sigollo (Vila Prudente)- o
responsável pela agenda do tucano na disputa presidencial.
Embora se digam integrados
a um projeto administrativo, o
de Kassab, os secretários e subprefeitos alegam que não poderão continuar num cenário de
disputa entre ele e Alckmin.
"É uma situação muito delicada. Como posso ficar sendo
tão ligado ao governador José
Serra?", pergunta o secretário
municipal de Planejamento,
Manuelito Pereira Magalhães.
"Espero que a cidade esteja acima de disputas políticas."
A preocupação também afeta
os subprefeitos. "Não posso
servir a dois senhores", diz o
subprefeito de São Miguel Paulista, Décio José Ventura. "Não
gostaria de ser alvo de suspeição", endossa o subprefeito de
Vila Maria/Vila Guilherme,
Antônio de Pádua Perosa.
Sob o comando do secretário
Andrea Matarazzo, os subprefeitos dizem torcer por um
acordo, cada vez mais remoto,
entre Alckmin e Kassab.
Dizendo que "não seria inteligente" o lançamento de dois
candidatos, Lacir Ferreira Baldusco, subprefeito de M" Boi
Mirim, arrisca um acordo ideal:
"O Geraldo [Alckmin] para governador, o Kassab para prefeito e o Serra para presidente.
Agora, quem sou eu para dar
palpite? Eles é que têm que se
entender", brincou ele.
Já Ventura chega a afirmar
que Alckmin poderá cometer
um erro político ao se candidatar à prefeitura. Lembrando
que Alckmin já traz a passagem
pela Prefeitura de Pindamonhangaba em seu currículo, ele
sugere que o ex-governador
busque espaço no cenário federal, concorrendo ao Senado.
"Acho que o Geraldo está errando. Existe o timing municipal, o estadual e o federal. Ele
vai perder o timing federal e o
estadual", diz Ventura, concordando com o secretário municipal Walter Feldman, segundo
o qual a candidatura de Kassab
à reeleição seria "natural".
Assim como Ventura, o subprefeito de Itaquera, Laert de
Lima Teixeira, aponta como legítima a candidatura de Kassab. "Está cada dia mais complicado. Explique como ele
[Alckmin] vai desistir?"
Admitindo que a situação é
delicada, o subprefeito de Cidade Ademar, Beto Mendes, se diz
um "soldado de Kassab". Sua
manifestação, bem como a de
Feldman sobre a naturalidade
da candidatura Kassab, provocou a reação dos alckmistas.
O deputado Pedro Tobias subiu à tribuna da Assembléia para chamar os colaboradores da
prefeitura de "turma do holerite". O subprefeito da Mooca,
Eduardo Odloak, adverte: "Não
podemos perder de vista que
nosso adversário é o PT".
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