São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Posse não lota plenário da Câmara

da Sucursal de Brasília

O plenário da Câmara dos Deputados, que ficou lotado na posse de 1995, ostentava ontem mais de setenta lugares vazios na solenidade em que o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu o segundo mandato. Os dois líderes do PSDB, seu partido, não compareceram: Aécio Neves (Câmara) e Sérgio Machado (Senado).
Ao todo, são 405 cadeiras, em quatorze filas. Entre cinco e sete cadeiras de cada fila do lado direito de frente para a tribuna não foram ocupadas. Só o lado esquerdo, longe da imprensa, estava cheio.
Com expressão grave, sem qualquer rasgo de humor ou ironia, FHC foi apenas comedidamente aplaudido ao final de seu discurso.
Também grave, mas mais incisivo, quem encerrou a cerimônia foi o presidente do Senado e do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que acabou recebendo mais palmas do que o presidente da República.
Enquanto o vice-presidente Marco Maciel assinava o termo de posse, FHC e ACM trocaram rápidos cochichos. Um telão instalado na lateral do plenário ressaltava as expressões sérias.
Durante o discurso de 21 minutos de FHC, um funcionário do Senado passou atrás da mesa principal, desligando os microfones das seis outras autoridades que integravam a mesa principal. O som de eventuais conversas paralelas poderia vazar para as televisões.
Exceto esse funcionário do Senado, FHC falou o tempo todo sem que políticos aparecessem às suas costas. Isso aconteceu porque ACM determinou que os "papagaios de pirata" fossem banidos da cerimônia.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, esqueceu a caneta. Pediu emprestada a de Maciel, que estava do seu lado.
A solenidade começou pontualmente às 17h. Os dois únicos retardatários foram o ministro José Serra (Saúde) e o novo secretário Andrea Matarazzo (Comunicação). Eles chegaram dois minutos atrasados, sentando-se à esquerda.
Na primeira fila estavam Ruth Cardoso e Ana Maria Maciel, com vestidos claros, e Arlete Magalhães, toda de preto. Também compareceram representantes de várias religiões, ministros, políticos e governadores.
À saída, FHC cumprimentou rápida e improvisadamente os presentes, conversando mais tempo com o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).
À mesa principal, sentaram-se, da esquerda para a direita de quem olhava do plenário: o primeiro-secretário da Câmara, Ubiratan Aguiar (PSDB-CE), o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), FHC, ACM, Maciel, Celso de Mello e o senador Carlos Patrocínio ((PFL-TO), suplente da Mesa do Senado.
Segundo o deputado federal José Genoino (PT-SP), só havia dois outros políticos de oposição: o senador eleito Saturnino Braga (PSB-RJ) e o deputado Haroldo Sabóia (PT-MA).
˛ Do lado de fora
A posse de FHC reuniu ontem um público de cerca de 1.500 pessoas nas ruas de Brasília, menos da metade do registrado em 95, quando FHC assumiu a Presidência pela primeira vez.
Na Esplanada dos Ministérios havia cerca de 500 pessoas, espalhadas por toda a área. As demais se concentraram em frente ao Congresso e na Praça dos Três Poderes. Todas as estimativas são do comando da Polícia Militar.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.