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PRESSÃO NA BASE
PPS formaliza o desligamento de Ciro Gomes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, foi formalmente "desligado" do PPS ontem,
apesar de continuar filiado ao
partido. O desligamento significa
que o ministro não representa o
partido e não tem autorização para falar em nome dele. Ele também não tem mais direito a voz e
voto em instâncias internas.
Sua ex-mulher, a senadora e vice-líder do governo Patrícia Gomes (CE), recebeu a mesma punição. A assessoria do presidente
nacional do PPS, Roberto Freire,
disse que um comunicado deverá
ser enviado à Justiça Eleitoral a
respeito da medida adotada.
Ciro e Freire travam uma batalha interna que dividiu o partido
desde o ano passado. Enquanto o
ministro faz uma defesa veemente do governo, Freire vinha aumentando o tom das críticas em
relação à gestão Lula.
A partir de agora, inicia-se um
processo que poderá levar à desfiliação de Ciro e Patrícia. Para isso,
no entanto, uma série de procedimentos deve ser seguida, com envio do caso à Comissão de Ética
do PPS e amplo direito a defesa.
A Executiva Nacional do partido havia estipulado o prazo de 31
de janeiro para que Ciro deixasse
o governo ou pedisse licença do
partido, o que ele não fez. O desligamento veio como punição.
Além de Ciro e Patrícia, havia o
risco de punição de quatro integrantes do PPS com cargos no governo: Mércio Gomes (presidente
da Funai), Crescêncio Antunes
(secretário de Gestão Participativa do Ministério da Saúde), Clementino Coelho (diretor da Codevasf) e José Zenóbio Vasconcelos (diretor da Adene). Os quatro,
no entanto, pediram licença do
PPS e não estão sendo punidos.
Constrangimento
A assessoria do ministro informou ontem, depois de o partido
anunciar o desligamento, que Ciro não se pronunciaria.
Em Fortaleza, antes de saber da
decisão do PPS, Ciro Gomes disse
que se sentia "vítima da arbitrariedade" e que o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, quer
transformar a sigla em "linha auxiliar do senhor José Serra [prefeito de SP] e de seu Fernando Henrique Cardoso [ex-presidente]".
O ministro reafirmou que não
deixaria o governo nem o PPS e
que só mudaria de partido caso
houvesse "um constrangimento
definitivo". Ele negou que vá para
o PMDB, como recomendou o
presidente Lula.
"Eu me sinto vítima de uma arbitrariedade", disse. "É só ver desde a minha campanha para presidente da República, quando fui
traído por certas figuras do partido. Mas eu vou serenamente resistir como tenho resistido, pois
não existe essa figura da licença
no estatuto, que é uma farsa, assim como não existe cassação."
"Quando entrei no PPS, eles [o
grupo de Freire] tinham três deputados federais e um senador e
nunca, em 70 anos de história, tinham feito um governador. Eu
ajudei a fazer esse partido, que
hoje tem dois governadores, dois
senadores, 23 deputados federais,
elegemos 350 prefeitos e tiramos
mais de 5 milhões de votos."
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