São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2005

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PRESSÃO NA BASE

PPS formaliza o desligamento de Ciro Gomes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, foi formalmente "desligado" do PPS ontem, apesar de continuar filiado ao partido. O desligamento significa que o ministro não representa o partido e não tem autorização para falar em nome dele. Ele também não tem mais direito a voz e voto em instâncias internas.
Sua ex-mulher, a senadora e vice-líder do governo Patrícia Gomes (CE), recebeu a mesma punição. A assessoria do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse que um comunicado deverá ser enviado à Justiça Eleitoral a respeito da medida adotada.
Ciro e Freire travam uma batalha interna que dividiu o partido desde o ano passado. Enquanto o ministro faz uma defesa veemente do governo, Freire vinha aumentando o tom das críticas em relação à gestão Lula.
A partir de agora, inicia-se um processo que poderá levar à desfiliação de Ciro e Patrícia. Para isso, no entanto, uma série de procedimentos deve ser seguida, com envio do caso à Comissão de Ética do PPS e amplo direito a defesa.
A Executiva Nacional do partido havia estipulado o prazo de 31 de janeiro para que Ciro deixasse o governo ou pedisse licença do partido, o que ele não fez. O desligamento veio como punição.
Além de Ciro e Patrícia, havia o risco de punição de quatro integrantes do PPS com cargos no governo: Mércio Gomes (presidente da Funai), Crescêncio Antunes (secretário de Gestão Participativa do Ministério da Saúde), Clementino Coelho (diretor da Codevasf) e José Zenóbio Vasconcelos (diretor da Adene). Os quatro, no entanto, pediram licença do PPS e não estão sendo punidos.

Constrangimento
A assessoria do ministro informou ontem, depois de o partido anunciar o desligamento, que Ciro não se pronunciaria.
Em Fortaleza, antes de saber da decisão do PPS, Ciro Gomes disse que se sentia "vítima da arbitrariedade" e que o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, quer transformar a sigla em "linha auxiliar do senhor José Serra [prefeito de SP] e de seu Fernando Henrique Cardoso [ex-presidente]".
O ministro reafirmou que não deixaria o governo nem o PPS e que só mudaria de partido caso houvesse "um constrangimento definitivo". Ele negou que vá para o PMDB, como recomendou o presidente Lula.
"Eu me sinto vítima de uma arbitrariedade", disse. "É só ver desde a minha campanha para presidente da República, quando fui traído por certas figuras do partido. Mas eu vou serenamente resistir como tenho resistido, pois não existe essa figura da licença no estatuto, que é uma farsa, assim como não existe cassação."
"Quando entrei no PPS, eles [o grupo de Freire] tinham três deputados federais e um senador e nunca, em 70 anos de história, tinham feito um governador. Eu ajudei a fazer esse partido, que hoje tem dois governadores, dois senadores, 23 deputados federais, elegemos 350 prefeitos e tiramos mais de 5 milhões de votos."


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