São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2005

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TODA MÍDIA

Filtro prévio

Nelson de Sá

"Não agradou", dizia ontem a Globo, sobre a portaria do Ministério do Planejamento que determina que o IBGE mostre as suas pesquisas estruturais 48 horas antes de divulgar para a mídia.
O ministro interino foi até manchete do JN, anteontem, negando "censura prévia", mas não conseguiu frear a reação de "muitos políticos", no dizer da Globo. Por "muitos políticos", entenda-se o PFL.
Foram pefelistas que entraram com projeto de decreto legislativo para suspender a portaria. E foi o líder pefelista José Carlos Aleluia que, algo solitário, continuou com a pressão ontem na Jovem Pan e outras.
Do lado tucano, o pouco de barulho saiu do blog E-agora, que vem cobrando mais "oposição" do PSDB. Eduardo Graeff, ex-secretário de FHC, qualificou o governo Lula, que "insiste em nos impingir esse tipo de coisa", de "burro demais".

 

Em breve comentário, o "Financial Times" escreveu que a ordem para as pesquisas do IBGE serem "filtradas pelo Ministério do Planejamento" é resultado do "embaraço" com o levantamento sobre obesidade, semanas atrás:
- Estranhamente, Lula não questionou os números recentes do IBGE, apontando queda no desemprego. Surpreende?

O IMPENSÁVEL

Reuters
O radialista Rush Limbaugh sorri, no "Washington Post"


O blogueiro pró-republicano Matt Drudge ironizava ontem um "colunista liberal" americano que estaria perguntando "a seus amigos o impensável":
- O presidente George W. Bush poderia estar certo sobre o Iraque desde o começo?
Era um colunista do "Chicago Sun-Times", mas outros pelos EUA pareciam se questionar na mesma linha, diante do sucesso da eleição no Iraque. Christopher Hitchens, por exemplo, "liberal" mas favorável à invasão desde o princípio, também foi cortante em seu texto na revista on-line Slate, intitulado:
- Repitam depois de mim: o Iraque não é o Vietnã.
O "Washington Post" destacou a reação -no ar- do radialista Rush Limbaugh, o mais célebre dos "formadores de opinião" pró-Bush. Ironizando "a surpresa da mídia com o comparecimento" às urnas, ele disse que a cobertura não viu antes o "sentimento pró-liberdade no Iraque porque não procurou".

Folhetim
O assalto à residência dos apresentadores do Jornal Nacional correu avidamente por rádio e web, em enunciados retumbantes de que não estariam no telejornal etc. O Jornal da Record deu manchete:
- Ladrão entra na casa dos apresentadores do JN. William Bonner reage e é ferido.
O JN não deu manchete, mas o primeiro bloco foi voltado à interpretação dramática, pelo apresentador substituto, de uma nota do próprio Bonner.

Mais eleição
No rastro do êxito iraquiano, os sites do "New York Times" e outros noticiavam ontem que vem aí votação no Haiti, onde estão os soldados brasileiros das tropas da ONU.
As eleições municipais serão em outubro e as nacionais, inclusive a presidencial, em novembro. Quase cem partidos se inscreveram, até o do ex-presidente Jean Bertrand Aristide. Ontem à noite, um despacho de agência dizia que o próprio Aristide talvez participe.

CELEBRIDADES

Reprodução
Gil retratado na "Vanity Fair"


Para o "El País", reproduzido por UOL e Jovem Pan, Lula desencadeou "um furacão de mídia" no Fórum Econômico de Davos e "é o único que consegue competir com as estrelas de Hollywood." O texto, ontem, foi parte dos esforços de ironia com Davos, tomada por Sharon Stone e outras celebridades.
A novidade, no rescaldo da cobertura, foi que também o Fórum Social de Porto Alegre recebeu seu quinhão. O alvo do "Los Angeles Times" foi o ministro da Cultura, Gilberto Gil, "retratado recentemente na revista "Vanity Fair" e sempre à disposição para dar brilho de celebridade às conclamações contra a miséria e a devastação". Não só ele: a seu lado, como sublinhou a cobertura, o letrista do Grateful Dead, John Perry Barlow.
Porta-bandeira do software livre, Gil protagonizou textos do "Le Figaro" ao "La Vanguardia", de Barcelona, que se perguntava, já no enunciado, "o que tem a ver batucada com internet?". Uma longa reportagem da agência Reuters, também ontem em vários sites, lembrou que Gil pôs músicas "de graça" na web -e anunciou que "O Brasil dá nova forma ao debate sobre a propriedade intelectual".


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