|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Políticos pressionaram em favor de Dimas Toledo, afirma Jefferson
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado cassado Roberto
Jefferson (PTB-RJ) disse ontem
que recebeu ligações de "mais de
50%" dos políticos citados na lista
de Furnas como beneficiários de
um suposto esquema de caixa 2.
Eles pediam, segundo Jefferson,
que Dimas Toledo, então diretor
de Engenharia da estatal, continuasse no cargo.
"Eu posso dizer a vocês que,
quando houve aquela tentativa do
PTB de substituir o doutor Dimas
pelo [Francisco] Spirandelo [indicado pelo PTB, como parte do
acordo político com o PT], mais
de 50% daquela lista me ligou pedindo para não tirar o Dimas. Pediam: "Não tira o Dimas, deixa o
Dimas lá'", afirmou.
A assinatura de Dimas Toledo
aparece na lista, mas ele nega ter
sido seu autor. Para Jefferson, a
relação está "muito próxima da
verdade".
"[A lista] tem uma lógica política. Quanto mais poderoso o partido, mais contribuição. O doutor
Dimas estava lá mantido pela
aliança do governo do presidente
do PSDB na época, Fernando
Henrique. Então, as contribuições
são para PFL, PSDB, PTB, PP...",
afirmou Jefferson, ao deixar a sede da PF, em Brasília, após prestar
depoimento.
A Folha revelou ontem que, em
depoimento à PF no Rio, na semana passada, ele assumiu ter recebido, conforme consta da lista,
uma doação de R$ 75 mil que teve
como fonte o suposto esquema
instalado em Furnas. Ontem, Jefferson voltou a afirmar que a doação a ele foi feita em dinheiro, pelo próprio Toledo. "A lista é verdadeira no que toca a mim."
Questionado sobre supostas
doações de maior valor para tucanos como José Serra (R$ 7 milhões), candidato a presidente, e
Geraldo Alckmin (R$ 9,3 milhões), candidato ao governo de
São Paulo, Jefferson respondeu:
"Isso aí vocês têm de perguntar a
eles, por que o PSDB ganhou muito mais. Eu era miudinho".
Alckmin afirmou ontem que a
lista não tem procedência. "Isso
lembra Ilhas Cayman [referência
a dossiê sobre suposta conta de
tucanos no exterior, que investigação demonstrou ser falso]. Vamos agir duro no sentido de coibir a acusação. Não tem a menor
procedência." O tom foi o mesmo
adotado por Serra: "Isso é mais
falso do que o dossiê Cayman".
O ministro Hélio Costa (Comunicações) foi questionado ontem
sobre o fato de seu nome constar
da lista como beneficiário de R$
400 mil. Ele disse que renunciará
ao mandato de senador, do qual
está licenciado, "se alguém tiver
algum documento que prove".
Jefferson chegou à sede da PF às
10h50. Segundo seus advogados,
ele questionou a ação da PF, que,
na sua análise, estava dirigida
contra ele, seus aliados e familiares e a favor do PT e do governo.
"Entendo que o inquérito foi
montado na procuradoria da República, com orquestração do ministro da Justiça. [...] Hoje a minha impressão se desfez. O inquérito está sendo feito com severidade e seriedade pela PF, contra
mim e contra os outros", afirmou
Jefferson, ao deixar o prédio.
A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça disse que determinou à PF que investigue "todas
as denúncias, de forma impessoal
e republicana, sem proteger ou
perseguir quem quer que seja".
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Novas conexões: PF apura autenticidade da lista de Furnas Próximo Texto: Lobista pediu a CPI para falar sobre tucanos Índice
|