|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bancada pró-Lula na Câmara cresceu 39% de 2003 para agora
Há quatro anos, 254 deputados eram membros de partidos
governistas, contra 352 entre os que tomaram posse ontem
Aumento da base no Senado foi ainda maior, passando de 31 para 49 senadores;
crescimento é fruto de trocas e de adesão do PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfrutará a partir de
hoje de um espetáculo do crescimento de sua base de apoio
dentro do Congresso.
O número de deputados de
partidos formalmente aliados
ao Palácio do Planalto aumentou de 254 em fevereiro de
2003 para 352 agora -um salto
de 38,6%, turbinado pela migração de deputados de oposição para siglas govenistas.
No Senado, o avanço é maior.
Quando começou seu primeiro
mandato, Lula contava com 31
senadores. Agora, já são 49 os
que o apóiam -alta de 58,1%.
As variações a favor de Lula
se deram sobretudo pela entrada formal de PMDB e PP na
coalizão lulista. Em 2003, as
duas siglas ainda não tinham sido incorporadas pelo lulismo.
Agora, dizem, estarão com
grande presença dentro da nova administração federal petista -o que, em tese, significa
maior fidelidade no Congresso.
A aliança formal montada
pelo presidente da República
tem, ao todo, 11 legendas. Em
número de partidos, é a mais
ampla no Congresso desde o retorno do país ao sistema de
eleições diretas, em 1989.
Nem todos esses partidos
conseguem dar 100% de apoio
ao Planalto em votações relevantes. Há dissidentes em quase todas as siglas, mas o governo acredita que a taxa neste início de mandato não passe de
20% em algumas agremiações.
Se essa taxa de traição de
20% for a média de todos os
partidos, os 352 governistas se
transformariam em 281. Ou seja, menos do que os 308 necessários para alguma alteração
constitucional. Mas um número folgado para aprovação de
leis complementares, cujo
apoio mínimo é de 257 votos.
Fisiologia igual
A formação da base de apoio
montada pelo presidente guarda semelhanças com a de 2003.
Ao conquistar o Planalto há
quatro anos, o PT se viu alvo de
dezenas de deputados interessados em ingressar na legenda.
Como se trata de um partido
muito fechado, o PT preferiu
encaminhar esses neolulistas
para outras siglas aliadas. O
mesmo ocorre agora.
Em 2003, PTB e PL (hoje PR)
receberam 23 novos deputados
antes da posse. Agora, o número não chega a tanto, mas vai na
mesma direção: o PR já agregou
9 deputados aos seus 25 eleitos.
Deve receber mais cinco nos
próximos dias.
O PR conseguiu parte de seus
novos deputados na base de
promessas de cargos. Maurício
Quintella elegeu-se pelo PDT
em Alagoas, mas já está no PR.
Tem a promessa de poder indicar nomeados para o porto de
Maceió e para o DNIT (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) local.
Quem coordena as tratativas
para captação de novos deputados no PR é o senador Alfredo
Nascimento (AM), que já foi
ministro dos Transportes e age
como se estivesse prestes a retornar ao cargo. Ao seu lado,
também articula o ex-presidente do PL, Valdemar Costa
Neto -que renunciou ao mandato de deputado em 2005 para
não ser cassado por envolvimento com o mensalão.
No Pará, Nascimento já filiou
à sigla Lúcio Vale, eleito pelo
PMDB. No Estado, a explicação
para a migração de Vale é que
ele indicará os nomeados para
o porto e DNIT locais.
O PTB ainda espera algumas
definições sobre o rumo de sua
direção nacional, comandada
por Roberto Jefferson, cassado
em 2005 por causa do mensalão. Os deputados petebistas
querem apoiar Lula. Se conseguirem provar fidelidade nas
primeiras semanas de governo,
devem ver a bancada engordar.
(FERNANDO RODRIGUES)
Texto Anterior: Câmara: Inocêncio segue na Mesa como corregedor Próximo Texto: Lula deve encolher espaço do PT no governo Índice
|