São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007

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Com Maluf, Genoino e Palocci, posse na Câmara teve até "sambadinha"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com discursos sobre como melhorar a imagem da Câmara, deputados novatos, parlamentares antigos e figuras há muito conhecidas tomaram posse ontem.
Das 513 vagas na Câmara, 244 foram preenchidas por congressistas em primeiro mandato ou por políticos que estavam afastados, como Paulo Maluf (PP-SP) e José Genoino (PT-SP).
"Espero que tudo o que aconteceu de ruim na legislatura passada seja expurgado. Como há melhoria na tecnologia, espero uma grande melhoria no comportamento político", disse Maluf, acusado de corrupção e de manter conta no exterior com supostos recursos públicos. Ele se diz inocente.
Para petistas, a expressiva votação obtida pelo partido demonstra que o povo concluiu que o PT acerta mais do que erra. "É a segunda maior bancada da Câmara", comemorava José Mentor (PT-SP), suspeito de ter recebido recursos ilegais do chamado "valerioduto".
Derrubado pelo escândalo do mensalão, Genoino preferiu não falar. Estrela do governo Lula que caiu sob suspeita de ter determinado a violação do sigilo bancário de um caseiro que o acusava, o ex-ministro Antonio Palocci também economizou palavras. "É boa", foi sua resposta à pergunta sobre a expectativa do mandato. Ontem, inclusive, o Ministério Público de São Paulo Eleitoral pediu ao TSE que rejeite as contas da campanha de 2006 do ex-ministro.
Aos 25 anos, Manuela D'Ávila (PC do B-RS) disse esperar que "os 513 [deputados] tenham a mesma vontade de fazer com que o Congresso se aproxime da população".
A sessão foi marcada por cenas pouco comuns do Congresso. O deputado Willian Woo (PSDB-SP) sambou no Salão Verde da Câmara. Disse que a dança era para mostrar o desejo "de recuperar a imagem" da Casa.
Já o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que visitava a Casa, circulava pelos corredores com um inusitado discurso: "Meu candidato é o Chinaglia, é regimental e eu não gosto de arranjos".
Após um período afastado, Jefferson reassumiu a presidência do PTB, da base parlamentar do governo Lula. Ele disse não ter cruzado com nenhum dos deputados que denunciou, mas que, caso isso ocorresse, não se esquivaria. Mágoa, mesmo, só demonstrou ao falar sobre o ex-presidente do PL (hoje PR), deputado Valdemar Costa Neto (SP). "Ele só joga no atacado. Engordando do jeito que o PR está? Você acha que o Valdemar tem esse poder de sedução?"
Ao participar das articulações pela presidência da Casa, Jefferson mira uma eventual anistia dos seus direitos políticos. Para obtê-la, deve recolher um milhão de assinaturas e apresentar projeto de lei. (LEONARDO SOUZA, VINICIUS ABBATE E SILVIO NAVARRO)

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