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Nota de apoio do PT sai depois da exoneração
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Matilde Ribeiro, 47, deixou a
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(Seppir) sem receber do seu
partido, o PT, a mesma solidariedade demonstrada com outros ministros em apuros.
Somente após sua exoneração, na tarde de ontem, veio
uma nota de apoio de seu partido. "As eventuais irregularidades cometidas no uso do cartão
corporativo -que devem ser
apuradas pelos órgãos de controle, com as medidas cabíveis
ao final da investigação- motivaram ataques e insinuações
em tom abertamente preconceituoso, não só contra a ministra, mas contra a própria existência da Seppir", diz o texto,
assinado pelo presidente do
PT, Ricardo Berzoini.
Isso em parte reflete o fato de
Matilde ter uma rede de contatos políticos e amizades muito
tênue no partido. A ex-ministra
sempre teve sua militância
muito focada para as questões
dos negros. Ao longo da década
de 90, virou a principal agitadora internamente no partido nas
discussões sobre o racismo e a
igualdade. Sua nomeação para
primeira titular da secretaria,
criada em 2003, foi uma decorrência natural desse trabalho.
Mas em praticamente todas
as outras discussões internas
esta doutora em serviço social
pela PUC-SP, nascida em Flórida Paulista (SP), se mantinha à
margem. Nas últimas eleições
internas do partido, em dezembro, ela montou, ao lado do novo titular da pasta, Martvs das
Chagas, uma chapa própria, baseada no movimento negro. Foi
um fiasco eleitoral. A "Democracia pra Valer" teve apenas
1,1% dos votos e conquistou
uma solitária cadeira no diretório nacional, entre 81.
Antes de assumir o ministério, Matilde teve uma experiência como coordenadora da Assessoria dos Direitos da Mulher
em Santo André nos anos 90,
quando a cidade era uma das
vedetes do PT.
Matilde deixou o comando
da secretaria sem ter visto
avançar no Congresso o Estatuto da Igualdade Racial, que estabelece a definição de cotas.
O estatuto está parado na Câmara, sem nenhuma iniciativa
do Palácio do Planalto para
convencer os partidos da base
aliada a colocá-la na pauta.
Além disso, viu-se amarrada
à própria missão da secretaria,
criada em 2003 por conta da
pressão do movimento negro e
que não possui autonomia orçamentária (R$ 34 milhões em
2007) para projetos próprios.
(FÁBIO ZANINI E EDUARDO SCOLESE)
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