São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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Para Diolinda, mudança "não adianta"

em Teodoro Sampaio

Os principais dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal do Paranapanema não conhecem a virtual presidente da UDR e dizem "ignorar" a entidade.
"Quem? Não conheço, nunca ouvi falar", disse José Rainha Júnior, líder do movimento, ao ser perguntado se já ouvira falar de Tânia Tenório de Farias.
Para Rainha, "a UDR já morreu". "O que existe é meia dúzia de fazendeiros atrasados, armados e neofacistas", afirmou.
Outra dirigente do movimento, Diolinda Alves de Souza, mulher de Rainha, disse que o MST simplesmente "ignora" a UDR.
"Falar em UDR é perda de tempo. O desespero deles é tanto que querem colocar uma mulher para mudar a imagem, mas não adianta. A entidade nasceu não prestando e continua não prestando."
A dirigente disse também desconhecer a candidata a presidente da UDR. "Fazendeiro a gente não conhece. Se fosse sem-terra, a gente saberia quem é", afirmou.
Rainha considera que a fase mais difícil do MST no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste de São Paulo, já foi superada. Seu plano pessoal e político é atuar nas regiões Nordeste e Norte do país.
"Gosto de começar o novo. Aqui no Pontal minha missão já está cumprida. Falta desenvolver projetos econômicos, mas isso já está bem encaminhado com nossos técnicos", disse.
No final do mês, ele viaja para o Ceará para se inteirar da realidade fundiária do sertão. O plano, no futuro, é trabalhar no sul do Pará.
"É uma questão de consciência, de entender que não vou ficar apegado a um lote de terra. Tenho meu irmão, minha família, que cuidam da terra. Quero contribuir com a experiência que tenho para ajudar o país a avançar."
Rainha credita às pressões do MST o avanço da reforma agrária no país. Para ele, o governo federal não tem projeto de reforma agrária. "O que existe é uma política de distribuição de terras."
Ele acha que no Pará, especialmente, deve enfrentar situações de conflito. "Queria, com o pouco que tenho de vida, ajudar os trabalhadores a avançar sem violência, sem perda de vidas. Esse é meu sonho." (EDMILSON ZANETTI)


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