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PERSONALIDADE
Junto com os dois irmãos, sertanista estabeleceu o primeiro contato com os povos indígenas do Xingu
Infarto mata Claudio Villas Bôas aos 82
BERNARDINO FURTADO
da Reportagem Local
Um infarto fulminante matou ontem aos 82 anos o indigenista Claudio Villas Bôas. Ele era o segundo dos três irmãos Villas Bôas, que ganharam renome mundial por terem estabelecido o primeiro contato do homem branco com os povos indígenas do Xingu.
O irmão mais novo, Leonardo, morreu em 1961. O mais velho, Orlando, de 84 anos, acompanhou, sereno, o velório e o enterro de Claudio, no fim da tarde, no cemitério Morumby, na zona sul de São Paulo. Orlando lamentou ter que concluir sozinho o último livro que estava escrevendo em parceria com o irmão: "Atos de Pajé".
"Desde menino vivi junto do Claudio. Sempre trabalhamos juntos, e eu o via todas as manhãs e todas as noites. Agora não vou vê-lo jamais."
Orlando afirmou que vai ter que se esforçar para recuperar o conteúdo das conversas que teve com Claudio nas últimas semanas para poder concluir o livro. Segundo Orlando, a atividade dos pajés era um dos temas que mais mereceram a reflexão e os estudos de Claudio. "Acho que esse vai ser também o meu último livro."
Segundo Orlando, ele e Claudio formavam uma dupla perfeita. "Claudio era o homem das idéias, da inspiração, a alma de todos os nossos livros. Eu, o agitador, o falante, o executor, que punha os projetos no papel."
Sobre o trabalho direto com os índios, Orlando disse que, junto com Claudio e Leonardo, romperam a perversa trajetória de contatos desastrosos da cultura branca com os povos indígenas brasileiros. "Os índios do Xingu foram privilegiados porque os demais povos indígenas no Brasil tinham sempre o primeiro contato com aventureiros e predadores", afirmou o indigenista.
Segundo Orlando, a expedição ao Xingu levou as melhores cabeças para conhecer a vida dos índios, citando Aldous Huxley e o rei Leopoldo, da Bélgica.
Claudio Villas Bôas morreu em seu apartamento. Segundo Luciana Soares Santos, secretária de Claudio há quatro anos, ele começou a chamá-la do quarto perto das 8h. "Quando cheguei, estava caído e parecia estar sentindo falta de ar. Coloquei-o na cama e mal deu tempo de chamar a família."
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