São Paulo, terça-feira, 02 de abril de 2002

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Jarbas hesita em ser vice de Serra

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PERNAMBUCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), está reavaliando sua intenção de ser vice na chapa do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, depois de sofrer pressões dos partidos aliados no Estado (PMDB, PFL, PSDB e PPB) para que não aceite o convite.
A Agência Folha apurou que, além das pressões, existe outro fator determinante para a reavaliação: a falta de consenso em torno de seu nome dentro do PMDB nacional. Até ontem à noite, Jarbas não havia decidido.
Ontem, Jarbas cancelou quase toda a agenda e passou o dia reunido com assessores. O ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que almoçou com o governador, disse que "Jarbas parecia preocupado". Jungmann confirmou que os aliados estavam tentando convencer Jarbas a não aceitar o convite de Serra alegando que ele é o único nome capaz de vencer a eleição no Estado.
Do PFL ao PMDB, o argumento é o mesmo: uma chapa com Mendonça Filho, atual vice, para o governo e o vice-presidente Marco Maciel para o Senado é "vulnerável" eleitoralmente. Nas eleições municipais, a oposição ganhou a Prefeitura de Recife.
Dois exemplos são lembrados: o de Pimenta da Veiga (PSDB), que deixou a Prefeitura de Belo Horizonte para concorrer ao governo de Minas, e o de Waldir Pires (PT), que saiu do governo da Bahia para ser vice na chapa de Ulysses Guimarães em 1989.
Ambos foram bem votados para os cargos nos quais se encontravam, a exemplo de Jarbas, que teve mais de 1 milhão de votos do que o segundo colocado para o governo de Pernambuco. Os dois passaram a enfrentar dificuldades eleitorais após abandonarem ao meio seus mandatos.
Ontem à tarde, Jarbas estava amargurado, segundo correligionários que estiveram com o governador, pressionando-o para que ele concorra à reeleição.
De um Estado periférico, Jarbas avaliava que compor a chapa com Serra seria uma oportunidade única para ele na política nacional. E que dificilmente essa oportunidade se repetirá em sua trajetória política.
Jarbas deve esperar uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), possivelmente para hoje, sobre a possibilidade de governadores se licenciarem, antes de anunciar sua decisão. Em princípio, para concorrer a um mandato diferente, os governadores teriam de renunciar. O TSE deve dizer se eles podem se licenciar agora e depois decidir se renunciam ou se voltam ao governo.
A consulta interessa também a Roseana Sarney (PFL-MA), que, a exemplo do que acontece com Jarbas, gostaria de esticar o prazo de decisão para junho, mais próximo das convenções partidárias para definir os candidatos.
A aceitação do convite era vista como certa e admitida até pelo próprio governador. Jarbas havia declarado que só aceitaria ser candidato a vice se conseguisse manter a união na sua base. (FÁBIO GUIBU E RAYMUNDO COSTA)


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