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ELIO GASPARI
Os desempregados
do Lulacá
Dando-se ao vício da manipulação de previsões, a
ekipekonômika de Lula sumiu
com R$ 10 bilhões da produção
nacional. Em janeiro, quando
ela recebeu a ruína do tucanato,
seus sábios informavam à choldra que a economia brasileira
deveria crescer 3% em 2003. Há
uma semana, o companheiro
Antonio Palocci estimou que esse
crescimento ficaria entre 1,8% e
2,8%. Na segunda feira, o doutor
Henrique Meirelles, presidente
do Banco Central, fixou uma
meta de 2,2%. A diferença de
quase um ponto percentual de
crescimento do PIB equivale a
cerca de R$ 10 bilhões. Em empregos, algo como 200 mil postos
de trabalho.
Palocci e Meirelles propagaram projeções de marquetagem,
ao melhor estilo dos tucanos, que
a cada janeiro anunciavam progresso e a cada dezembro informavam que o crescimento viria
no próximo ano. Era a velha malandragem inaugurada pelo presidente americano Herbert Hoover em 1929. Ele dizia que a prosperidade estava logo ali, depois
da esquina. Dizia também que
não havia recessão, mas só uma
"depressão". (E assim surgiu o
termo que até hoje designa as catástrofes econômicas).
A cada ano o professor Fernando Henrique Cardoso anunciava
a proximidade do progresso e fechou seu mandarinato com uma
ruína de 2,37% de crescimento
médio do PIB. Isso equivaleu a
0,91% de aumento anual médio
da renda per capita dos brasileiros, exclusive os maganos cujas
capitas foram suficientemente
espertas para dirigir bancos ou
bicar serviços de consultoria.
Com esse desempenho, a renda
do brasileiro levará 78 anos para
dobrar. (Durante o tempo de vida de Lula, ela quase quintuplicou.) A economia nacional, que
já foi a oitava do mundo, arrisca
ficar na 15ª posição.
Assim como há a Lei da Responsabilidade Fiscal, deveria
haver uma Lei da Responsabilidade Numérica. Toda vez que o
presidente do Banco Central ou
o ministro da Fazenda acumulasse uma determinada quantidade de pontos em previsões erradas, seria transferido para a
gestão financeira do programa
de captação de recursos para a
construção de presídios federais.
Seguindo uma escrita que não
pertence à tradição petista, a ekipekonômika produziu um pastel
de vento no qual o crescimento
do PIB perdeu um quarto de sua
vitalidade em menos de 60 dias.
Quando eles pediam votos aos
brasileiros, um documento assinado pelo doutor Antonio Palocci mostrava que, com um crescimento de 5% ao ano, seria possível produzir 10 milhões de empregos em quatro anos. Não se
pode dizer que fosse um compromisso, mas era uma sugestão.
Falava assim o companheiro:
"Para que esse objetivo seja concretizado, é fundamental assegurar as condições econômicas para um crescimento do PIB, em
média de 5% ao ano".
Assim como no tucanato, a
atual ekipekonomika é infalível
quando prevê desgraça e ruinosa
quando lida com o progresso. Os
juros têm que subir? Sobem. O
superávit primário deve aumentar? Aumenta. Só o PIB anda para trás. Infelizmente, é o número
que melhor define a qualidade
de uma gestão econômica.
Os sábios da ekipekonômika
sabem que um crescimento inferior a 2% é insuficiente para absorver a mão-de-obra de 1,6 milhão de brasileiros que chega ao
mercado a cada ano. Não se sabe
se ao fim do seu governo lulalá
terá gerado 10 milhões de empregos. Sabe-se que com a política
econômica que pratica, ao fim
do primeiro ano, o lulacá corre o
sério risco de ter produzido desempregados.
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