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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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ELIO GASPARI

Os desempregados do Lulacá

Dando-se ao vício da manipulação de previsões, a ekipekonômika de Lula sumiu com R$ 10 bilhões da produção nacional. Em janeiro, quando ela recebeu a ruína do tucanato, seus sábios informavam à choldra que a economia brasileira deveria crescer 3% em 2003. Há uma semana, o companheiro Antonio Palocci estimou que esse crescimento ficaria entre 1,8% e 2,8%. Na segunda feira, o doutor Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, fixou uma meta de 2,2%. A diferença de quase um ponto percentual de crescimento do PIB equivale a cerca de R$ 10 bilhões. Em empregos, algo como 200 mil postos de trabalho.
Palocci e Meirelles propagaram projeções de marquetagem, ao melhor estilo dos tucanos, que a cada janeiro anunciavam progresso e a cada dezembro informavam que o crescimento viria no próximo ano. Era a velha malandragem inaugurada pelo presidente americano Herbert Hoover em 1929. Ele dizia que a prosperidade estava logo ali, depois da esquina. Dizia também que não havia recessão, mas só uma "depressão". (E assim surgiu o termo que até hoje designa as catástrofes econômicas).
A cada ano o professor Fernando Henrique Cardoso anunciava a proximidade do progresso e fechou seu mandarinato com uma ruína de 2,37% de crescimento médio do PIB. Isso equivaleu a 0,91% de aumento anual médio da renda per capita dos brasileiros, exclusive os maganos cujas capitas foram suficientemente espertas para dirigir bancos ou bicar serviços de consultoria.
Com esse desempenho, a renda do brasileiro levará 78 anos para dobrar. (Durante o tempo de vida de Lula, ela quase quintuplicou.) A economia nacional, que já foi a oitava do mundo, arrisca ficar na 15ª posição.
Assim como há a Lei da Responsabilidade Fiscal, deveria haver uma Lei da Responsabilidade Numérica. Toda vez que o presidente do Banco Central ou o ministro da Fazenda acumulasse uma determinada quantidade de pontos em previsões erradas, seria transferido para a gestão financeira do programa de captação de recursos para a construção de presídios federais.
Seguindo uma escrita que não pertence à tradição petista, a ekipekonômika produziu um pastel de vento no qual o crescimento do PIB perdeu um quarto de sua vitalidade em menos de 60 dias. Quando eles pediam votos aos brasileiros, um documento assinado pelo doutor Antonio Palocci mostrava que, com um crescimento de 5% ao ano, seria possível produzir 10 milhões de empregos em quatro anos. Não se pode dizer que fosse um compromisso, mas era uma sugestão. Falava assim o companheiro: "Para que esse objetivo seja concretizado, é fundamental assegurar as condições econômicas para um crescimento do PIB, em média de 5% ao ano".
Assim como no tucanato, a atual ekipekonomika é infalível quando prevê desgraça e ruinosa quando lida com o progresso. Os juros têm que subir? Sobem. O superávit primário deve aumentar? Aumenta. Só o PIB anda para trás. Infelizmente, é o número que melhor define a qualidade de uma gestão econômica.
Os sábios da ekipekonômika sabem que um crescimento inferior a 2% é insuficiente para absorver a mão-de-obra de 1,6 milhão de brasileiros que chega ao mercado a cada ano. Não se sabe se ao fim do seu governo lulalá terá gerado 10 milhões de empregos. Sabe-se que com a política econômica que pratica, ao fim do primeiro ano, o lulacá corre o sério risco de ter produzido desempregados.


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