São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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PAINEL

Barrado no baile
Não bastasse ter sido excluído do núcleo de articulação política a ser formado em torno de Aldo Rebelo, José Dirceu detectou em Lula disposição para introduzir Antonio Palocci nessa seara.

Regência trina
Ao lado de Rebelo estarão os ministros Eunício Oliveira, para cuidar do PMDB, e Eduardo Campos, encarregado de pequenos partidos. O formato prevê um petista, e aí entraria Palocci -não que este tenha, sobre o PT, metade do poder de Dirceu.

Duelo de gigantes
Se Lula e Dirceu fazem neste momento o mesmo jogo, algo em que nem todos os observadores acreditam, ao menos a cena foi bem ensaiada. É grande o descontentamento demonstrado pelo chefe da Casa Civil com a formalização de seu exílio nas tarefas administrativas.

Pompa e circunstância
Em tese confinado a funções de gerência, Dirceu quer iniciar sua nova encarnação em grande estilo. Planeja uma reunião com todos os ministros para a próxima semana. Apesar de já ter convidado informalmente alguns colegas, ainda não recebeu aval de Lula para o evento.

Cabelo em pé
Políticos e empresários que conversaram com Carlinhos Cachoeira no passado recente agora só pensam naquilo: temem ter sido gravados pelo pivô do caso Waldomiro Diniz.

Abril cor-de-rosa
Das conversas entre governo e MST surgiram sinais de que o "abril vermelho" prometido pelos sem-terra pode adquirir tonalidade um pouco mais pálida. Com invasões, não resta dúvida, mas sem botar para quebrar.

Reforço de caixa
Cálculos realizados pelo PSDB indicam que o governo economizará em torno de R$ 500 milhões ao adiar de abril para maio o reajuste do salário mínimo.

Uma nota só
O PT pretende explorar até a última gota a suposta ligação entre José Serra e o subprocurador José Roberto Santoro. A ênfase é diretamente proporcional ao receio de que o tucano entre na disputa em São Paulo, dificultando a vida de Marta Suplicy.

Carreira solo
A Executiva Nacional do PFL formalizou ontem a decisão de ter candidato próprio a prefeito de São Paulo, desfazendo o sonho tucano de aliança no primeiro turno. A direção municipal deve escolher até o dia 15 entre o deputado Doutor Pinotti e o senador Romeu Tuma.

Dueto baiano
Pré-candidato do PT à Prefeitura de Salvador, Nelson Pellegrino acertou o apoio do PC do B a seu nome. Os comunistas reivindicam a vaga de vice para a deputada Alice Portugal. A escolha ocorrerá somente em maio.

Fale com o gerente
No encontro que terá hoje em São Paulo com o ministro Antonio Palocci, o tucano Geraldo Alckmin pedirá uma mãozinha da Fazenda na liberação de empréstimo do BNDES para pagamento de dívidas da Cesp.

Consumo externo
No mesmo dia em que o futuro presidente do STJ, Edson Vidigal, declarou-se favorável ao controle externo do Judiciário, o tribunal, por unanimidade, extinguiu a investigação contra o colega Vicente Leal. Acha que ela perdeu sentido com o pedido de aposentadoria do ministro.

Visita à Folha
Max A. Alier, novo representante do Fundo Monetário Internacional no Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Francisco Baker, assessor de imprensa do FMI, e de Angela Gaviria, assessora de imprensa.

TIROTEIO

De Arnaldo Madeira, chefe da Casa Civil do governo Alckmin, sobre a afirmação do ministro Márcio Thomaz Bastos de que há no caso Waldomiro Diniz uma conspiração para derrubar o governo Lula:
-Baixou o espírito do 31 de março de 1964 no ministro. A oposição não quer derrubar ninguém. Pelo contrário, quer que o Lula governe o país. Vai ter que agüentar os quatro anos.

CONTRAPONTO

Espécie em extinção

Em 2002, Enéas Carneiro obteve 1,5 milhão de votos para a Câmara, o suficiente para eleger consigo outros cinco deputados do Prona, partido que preside.
A bancada, no entanto, minguou no transcorrer da atual legislatura. Hoje restam dois representantes do Prona na Casa, um deles o próprio Enéas.
Na noite de terça-feira passada, foi votada na Câmara a medida provisória que proíbe o funcionamento dos bingos.
O presidente da Casa, João Paulo Cunha, deu início aos trabalhos realizando a consulta aos líderes de cada partido a respeito da matéria que seria apreciada. Em determinado momento, o petista perguntou:
-Como vota o Prona?
-Obstrução, obstrução!- respondeu Enéas.
Do fundo do plenário, um deputado governista gritou:
-O quê? Em extinção?
A gargalhada foi geral.


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