São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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Presidente afirma que não pode se envolver com "qualquer coisa menor"

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A ARARAS (SP)

Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, como presidente da República, não pode se envolver com "coisa menor" que os interesses do país como um todo.
"O presidente da República não tem o direito de não acreditar, não tem o direito de vender pessimismo e não tem o direito de se deixar envolver por qualquer coisa menor, que não seja os interesses da maioria do povo brasileiro", disse Lula em Araras (SP).
Setores do próprio governo e a oposição já chegaram a questionar a capacidade de resposta do Palácio do Planalto ao caso Waldomiro, que gerou a crise política pela qual passa a gestão Lula.
Nesta semana, o governo pôde respirar mais aliviado após a divulgação de conversa entre o subprocurador-geral da República José Roberto Santoro e o empresário de jogos Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A gravação mostra Santoro tentando convencer Cachoeira a lhe entregar a fita de vídeo na qual Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil), aparece pedindo propina ao empresário.
Foi a vez de o subprocurador virar personagem central da crise ao usar, na conversa, expressões como "derrubar o governo Lula".
Na visita a Araras, o presidente voltou a fazer um discurso otimista: "Não tem nenhum brasileiro que tenha mais confiança no futuro deste país que o presidente da República". Na avaliação de Lula, para chegar à "situação de otimismo", "foi necessário ser duro". Citou como exemplo o ajuste fiscal promovido pelo governador tucano Mário Covas, morto em março de 2001, no primeiro mandato em São Paulo (1995-1998).
O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que foi vice de Covas, estava presente. Na semana passada, Dirceu causou mal-estar ao criticar governadores tucanos.
"É graças ao que fizemos no ano passado que hoje posso dizer que qualquer membro do governo pode andar de cabeça erguida. Não terá volta neste país. A economia vai crescer e muito a cada ano porque esse é o destino. Sem plano Lula, sem plano Palocci", afirmou o presidente. Em 2003, houve retração de 0,2% no PIB.
Lula discursou para cerca de 1.500 pessoas -na maioria, trabalhadores da fábrica da Nestlé inaugurada ontem em Araras. Falando de improviso, ele afirmou que tinha um discurso, mas que desistiu de lê-lo por causa de conversa com o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) na viagem para São Paulo. Ao comentar a conversa, Lula voltou a criticar os planos Collor e Real, chamando-os de "mirabolantes". "Depois, os prejuízos ficam acumulados com a sociedade que produz", disse.


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