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Motorista de Mattoso depõe na PF e envolve ex-assessor de Palocci
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal está tentando
localizar o jornalista Marcelo Netto, ex-assessor do ex-ministro da
Fazenda, Antonio Palocci. Segundo levantamento da PF, há seis
dias ele não aparece em sua residência em Brasília, um apartamento no bairro da Asa Norte.
Surgiu na noite de sexta-feira o
principal indicativo de que Marcelo Netto estaria envolvido no
vazamento para a imprensa dos
extratos bancários do caseiro
Francenildo Costa, obtidos por
meio de uma operação ilegal da
Caixa Econômica Federal.
Em depoimento na PF, o motorista do ex-presidente da Caixa
Jorge Mattoso afirmou que, ao levar o antigo chefe à residência de
Palocci, na noite de 16 de março,
viu que na casa havia um veículo
Mercedes, modelo Classe A, "escuro". Marcelo Netto possui um
veículo que corresponde à descrição. A Folha apurou que ele estava lá, mas, para a PF, o que importa é que agora há um indício que
justifica sua intimação.
Antes de ser exonerado, "a pedido", conforme publicado no Diário Oficial da União, na sexta-feira, diariamente ele chegava ao Ministério da Fazenda dirigindo um
Classe A preto. Exceção feita a
Ademirson Ariosvaldo da Silva e
Juscelino Dourado, que acompanham o ex-ministro desde os
tempos em que Palocci era prefeito de Ribeirão Preto, Marcelo
Netto foi o assessor mais próximo
de Palocci na Fazenda.
Digitais
Desde que os dados bancários
de Francenildo foram veiculados
pela imprensa, na noite de 17 de
março, o nome de Marcelo Netto
surgiu como o responsável pela
ponte entre duas operações ilegais: a quebra de sigilo e o vazamento para a revista "Época".
O nome do motorista ouvido na
noite de sexta-feira é mantido sob
sigilo. Seu depoimento trouxe o
primeiro indício formal de que o
ex-assessor de Palocci tem algum
envolvimento no episódio.
Em depoimento à PF, no dia 27
de março, Jorge Mattoso assumiu
ter pedido ao consultor Ricardo
Schumann dados relacionados ao
caseiro. A ordem foi dada e cumprida na noite de 16 de março.
Schumann colocou os extratos
bancários em um envelope e os levou a Mattoso, que jantava no restaurante La Torreta com dois outros assessores da Caixa, Antonio
Carlos Ferreira, do departamento
jurídico, e Gabriel Nogueira, da
assessoria de imprensa.
Ouvidos pela PF, ambos afirmam ter presenciado a entrega do
envelope. Negam, porém, ter conhecimento de seu conteúdo ou
participação no episódio.
Ao final do jantar, de posse do
envelope, Mattoso seguiu em seu
carro oficial para entregá-lo a Palocci. Ao chegar à casa, o motorista que conduzia o veículo encontrou o Mercedes Classe A, que
pertenceria a Marcelo Netto.
Mattoso, que foi indiciado pela
PF por violação de sigilo funcional e quebra ilegal de sigilo (cujas
penas podem chegar a seis anos
de prisão), será ouvido novamente. Seu depoimento não foi marcado porque ele não foi encontrado para receber a intimação.
A PF aguarda para segunda-feira a decisão judicial relativa a quebras de sigilo bancário, telefônico
e telemático requisitadas no caso.
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