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Com caos aéreo, base de Lula já acha CPI inevitável
Aliados consideram que decisão do STF será favorável à instalação de comissão
Nos bastidores, governistas fazem negociações para que PMDB fique com a relatoria e um tucano moderado com a presidência de comissão
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes da base governista na
Câmara admitem nos bastidores que o caos aéreo tornou inevitável a instalação da CPI do
setor. A expectativa é que o STF
(Supremo Tribunal Federal)
determine a abertura da comissão até o final do mês.
Silenciosamente, os partidos
aliados se anteciparam ao tribunal e já começaram a selecionar eventuais indicados para
compor a comissão e tentar um
acordo com a oposição para
restringir o foco das investigações. A principal preocupação é
buscar um nome de confiança
para a relatoria. A tendência é
que o escolhido seja do PMDB.
A opção por um peemedebista foi sugerida por líderes da base que rejeitam indicar Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao posto. O petista é muito próximo
do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Vaccarezza evita se pronunciar.
A avaliação de governistas é
que com um peemedebista na
relatoria seria possível pressionar a oposição para que a presidência ficasse nas mãos de um
tucano moderado. O PSDB trabalha com dois nomes: Vanderlei Macris (SP), autor do requerimento, e Gustavo Fruet (PR).
O temor do governo é que,
uma vez instalada, a CPI tenha
como alvo investigações de
contratos da Infraero.
"A CPI pode esclarecer algum aspecto ainda por esclarecer, mas, depois de seis meses
[de crise no setor], eu trabalho
com a hipótese firme de que o
diagnóstico já está feito e falta
fazer o tratamento", justificou
Chinaglia, ontem. "É mais do
que passada a hora de o Executivo dar conta de resolver."
Segundo o petista, a Câmara
poderia acatar a proposta de
Fernando Gabeira (PV-RJ) de
constituir um grupo de trabalho na Casa. A questão pode ser
discutida hoje, quando ele participa de almoço com o comando da Aeronáutica.
Segundo a Secretaria Geral
da Mesa, o governo poderá controlar até 16 das 23 cadeiras titulares da CPI. A distribuição
de vagas é feita conforme o tamanho dos blocos partidários.
A abertura da CPI depende
de decisão do plenário do STF.
Na quinta-feira passada, o ministro do STF Celso de Mello
concedeu liminar obrigando
Chinaglia a desarquivar o requerimento de criação da CPI.
No mesmo despacho, ele mandou a Câmara aguardar o julgamento final do tribunal.
"Algo tem que ser feito e com
urgência", disse o líder do
PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que defende a instalação uma comissão especial.
Para a oposição, a decisão
preliminar de Mello sinaliza
que o STF deverá optar pelo
funcionamento da CPI. Outro
fator é que o caso conta com o
precedente da CPI dos Bingos,
em 2005. À época, o STF reconheceu o direito das minorias.
A última esperança dos governistas é que, se a situação
aérea do país se normalizar, a
CPI poderia se tornar "inócua".
Ontem, o líder do governo na
Câmara, José Múcio Monteiro
(PTB-PE) continuava resistindo à criação de CPI. "A função
de uma CPI é investigar as causas de um problema. Os controladores de vôo admitiram a responsabilidade, então a CPI perde o seu sentido. A questão é
administrativa", afirmou.
Colaborou Juliana Coissi, da Folha Ribeirão
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