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Assembléia do Rio cassa duas deputadas por desvio de verba
Pelo mesmo esquema, que envolvia funcionários fantasmas, Casa absolve dois
Parlamentares, que perdem direitos políticos por 8 anos, dizem que vão recorrer da decisão no TJ; esquema teria desviado R$ 3,5 milhões
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Acusadas de envolvimento
em um esquema de desvio da
verba para pagamento de escolas a filhos de funcionários, as
deputadas estaduais Jane Cozzolino (PTC) e Renata do Posto
(PTB) foram cassadas ontem
em votação secreta da Alerj
(Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), em sessões de comparecimento quase
total de seus 70 parlamentares.
À noite, foram absolvidos os deputados Tucalo Dias (PSC) e
João Peixoto (PSDC).
De nada valeram as claques
que lotaram as galerias, levadas
até a sede da Alerj, no centro do
Rio, por correligionários das
deputadas, cujos redutos são as
cidades de Magé (Cozzolino) e
Guapimirim (Posto), na região
metropolitana.
Além de cassadas, elas perderam os direitos políticos pelos
próximos oito anos. No período, não poderão disputar eleições. Elas anunciaram que vão
recorrer ao Tribunal de Justiça
contra a decisão do plenário.
O esquema fraudulento, que
teria desviado dos cofres públicos pelo menos R$ 3,5 milhões
desde 2007, consistia no aliciamento de pessoas modestas,
quase sempre mulheres com
muito filhos, por supostos
emissários dos deputados.
A essas pessoas era prometido o cadastro no Bolsa Família.
Em troca, elas cediam documentos pessoais. Com isso, os
aliciadores abriam contas bancárias. A seguir, desinformadas,
essas pessoas tornavam-se funcionárias fantasmas dos gabinetes dos deputados. Jamais
recebiam qualquer remuneração pelo vínculo empregatício
-nem o salário, de até R$ 600,
nem o auxílio-educação, de
R$ 540 por cada filho matriculado em colégios particulares.
Quatro vítimas descobriram
que foram emitidos cartões de
crédito em seus nomes, com
gastos que desconheciam e pelos quais estavam sendo cobradas. Procuraram ajuda policial.
A Delegacia de Defraudações
da Polícia Civil abriu inquérito,
que apurou a existência das
fraudes no pagamento do auxílio-educação e dos salários.
Pelo menos 13 deputados foram citados como envolvidos
no escândalo. Em seus gabinetes havia pessoas inscritas para
receber o auxílio-educação,
mas que nunca viram o dinheiro nem sequer sabiam que
eram funcionários da Alerj.
A Comissão de Ética da Casa
concluiu, até agora, pela necessidade da cassação de quatro
acusados, todos com julgamento ontem. Dois já haviam sido
absolvidos pela comissão: Álvaro Lins e Délio Leal, do PMDB.
A comissão propôs a suspensão por 90 dias do pastor Édino
Fonseca (PR), mas ela não foi
aprovada ontem pelo plenário.
Foram 25 votos a favor da suspensão, 34 contra e 6 abstenções. Os outros seis casos não
foram apreciados.
Os julgamentos de ontem foram a apreciação do relatório
final da Comissão de Ética. A
primeira cassação foi a de Jane
Cozzolino. Dos 70 deputados,
68 estavam no plenário. Votaram pela cassação 48. Contra,
15. Cinco se abstiveram.
No julgamento de Renata do
Posto havia 67 deputados aptos
a votar. Pela cassação votaram
50. Houve 6 abstenções e 11 votaram contra.
O presidente da Alerj, Jorge
Picciani (PMDB), negou que as
cassações das duas deputadas
arranhem a imagem da Assembléia. "As duas cassações mostram a firmeza do plenário. A
Casa se saiu muito bem", disse.
Tucalo Dias foi absolvido (30
votos a favor e 24 contra, com
12 abstenções), assim como
João Peixoto (44 a favor, 15
contra, 6 abstenções e 1 em
branco). Havia 66 parlamentares capacitados para votar.
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