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PF não tem prova de crimes apontados, afirma advogado
Mariz de Oliveira, que defende empreiteira, diz que decisão de magistrada que soltou presos demonstra "inexistência de prova"
Advogado também afirma não haver provas de que suíço apontado pela PF como organizador do esquema seja doleiro
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado dos quatro diretores e das duas secretárias da
empreiteira Camargo Corrêa,
Antônio Claudio Mariz de Oliveira, já definiu que uma das estratégias da defesa será a indicação da inexistência de provas
sobre os crimes apontados pela
Polícia Federal no inquérito da
Operação Castelo de Areia.
Segundo Mariz de Oliveira,
as investigações da PF apresentam apenas escutas e interceptações, que, porém, não indicam condutas criminosas.
"Não há nenhuma prova, seja
ela documental, seja pericial, a
respeito da existência dos crimes apontados pelas autoridades. O que as autoridades apresentaram são hipóteses, suposições, por meio de um grande
esforço mental para querer dar
um embasamento às buscas,
apreensões e prisões. Em termos de provas materiais, não
há nada nos autos", disse.
Mariz de Oliveira afirmou
que a decisão da desembargadora Cecília Melo, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª
Região, que revogou a prisão
dos acusados, no sábado, indica
a fragilidade das acusações.
Ao decidir a desembargadora
criticou o despacho do juiz da
6ª Vara Criminal Federal,
Fausto Martin De Sanctis, que
mandou prender os acusados.
Para a desembargadora, De
Sanctis determinou as prisões
com base em "afirmações genéricas e extremamente vagas".
O advogado disse que "a decisão do tribunal demonstrou a
inexistência de prova de cometimento de crime".
Apesar de afirmar não ter
evidências de que a ação da PF
tenha motivação política, o advogado criticou a conduta dos
responsáveis pela investigação
em relação às suspeitas de repasses ilegais a partidos políticos ou parlamentares.
"Antes de ventilarem a possibilidade de um crime eleitoral,
as autoridades deveriam ter
ouvido as pessoas da Camargo
Corrêa para saber se as doações
foram efetivamente feitas e se
foram declaradas como a lei determina. Poderiam também ter
ouvido os deputados beneficiários dessas doações, e aí teriam
constatado a legalidade de cada
uma delas. No entanto, preferiram acusar primeiro para averiguar depois. Essa é uma inversão inconcebível, na medida
em que as pessoas possuem
presunção de inocência", disse.
Sobre as escutas que apontam ligações entre os acusados
e o suíço Kurt Paul Pickel, acusado de ser o doleiro organizador do esquema criminoso,
Mariz de Oliveira afirmou: "Sobre eles terem contatos com o
Kurt, é preciso saber qual é o
teor e a natureza dos contatos.
Não há provas nas investigações de que ele seja doleiro".
Mariz de Oliveira disse que se
encontrou anteontem com os
diretores e as secretárias da
empreiteira e que os indiciados
ainda estão muito abalados pelas prisões. "Talvez as autoridades que determinam as prisões
não consigam avaliar o sofrimento causado nas pessoas de
bem. Essa é uma das razões que
nos levam a deplorar as prisões
determinadas sem culpa formada, sem que as pessoas tenham sido ouvidas, sem processo ou até mesmo sem o inquérito ter terminado", disse.
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