São Paulo, quinta, 2 de abril de 1998

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QUESTÃO AGRÁRIA
Exército monta barricada e revista pessoas e carros na estrada que dá acesso a Parauapebas
Exército negocia com fazendeiros e MST

LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Parauapebas


O Exército está intermediando as negociações entre fazendeiros e sem-terra no sul do Pará para evitar novos confrontos na região.
A intermediação está sendo feito pelo tenente-coronel Mauro Fernando Aragão Mendes, comandante das tropas que estão acampadas no assentamento Vila dos Palmares. O Exército montou uma barricada a cerca de cinco quilômetros do final da área limitada.
Pessoas e carros que passam pela estrada estão sendo revistados. Mendes informou ainda que mais 40 soldados estariam vindo de Marabá (PA) para aumentar o contingente de 300 homens.
Os representantes dos sem-terra, Francisco Marques Ferreira Filho, o "Chicão", e Antonio Valdemir, estiveram no acampamento do Exército para pedir proteção.
Segundo eles, os fazendeiros estariam "vigiando" algumas áreas invadidas. "Nós estamos com medo, mas temos de passar por lá para colher verduras", disse Ferreira.
O tenente-coronel se prontificou a conversar com os fazendeiros e dar uma resposta aos sem-terra.
Cerca de 30 integrantes da família Miranda, dona das 50 fazendas do complexo Marimbondo, de 50 mil hectares, estão desde terça-feira na região. Eles tinham a informação de que as propriedades seriam invadidas pelos sem-terra.
O fazendeiro Pedro Miranda de Oliveira afirmou que eles estiveram no local pela manhã, mas que não intimidaram os sem-terra.
Em Vila dos Palmares, o clima é tenso. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pediu ao Exército que vigiasse a entrada.
Cerca de 200 sem-terra fizeram ontem uma manifestação em frente à Casa Goiás, loja de material de construção do fazendeiro Carlos Antônio da Costa, procurado pela polícia como um dos acusados de matar dois sem-terra. A Polícia Civil de Parauapebas pediu à Justiça a decretação da prisão provisória de mais dois fazendeiros acusados.
Os delegados Willian Alexandre e Lauriston Góes, responsáveis pelo inquérito, possuem uma lista com 30 nomes de fazendeiros que estavam na fazenda Goiás 2 no dia dos crimes. Os nomes dos dois fazendeiros não foram divulgados.
"A prisão dos dois fazendeiros será decretada amanhã (hoje) porque o promotor está colhendo depoimentos dos policiais militares e não pode dar o despacho, apesar de conhecer o assunto", afirmou à Agência Folha a juíza do caso, Maria Vitória Torres, que entra em férias amanhã.


Colaborou ARI CIPOLA, da Agência Folha, em Parauapebas



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