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QUESTÃO AGRÁRIA
Exército monta barricada e revista pessoas e carros na estrada que dá acesso a Parauapebas
Exército negocia com fazendeiros e MST
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Parauapebas
O Exército está intermediando as negociações entre fazendeiros e
sem-terra no sul
do Pará para
evitar novos
confrontos na região.
A intermediação está sendo feito
pelo tenente-coronel Mauro Fernando Aragão Mendes, comandante das tropas que estão acampadas no assentamento Vila dos
Palmares. O Exército montou uma
barricada a cerca de cinco quilômetros do final da área limitada.
Pessoas e carros que passam pela
estrada estão sendo revistados.
Mendes informou ainda que mais
40 soldados estariam vindo de Marabá (PA) para aumentar o contingente de 300 homens.
Os representantes dos sem-terra, Francisco Marques Ferreira Filho, o "Chicão", e Antonio Valdemir, estiveram no acampamento
do Exército para pedir proteção.
Segundo eles, os fazendeiros estariam "vigiando" algumas áreas
invadidas. "Nós estamos com medo, mas temos de passar por lá para colher verduras", disse Ferreira.
O tenente-coronel se prontificou
a conversar com os fazendeiros e
dar uma resposta aos sem-terra.
Cerca de 30 integrantes da família Miranda, dona das 50 fazendas
do complexo Marimbondo, de 50
mil hectares, estão desde terça-feira na região. Eles tinham a informação de que as propriedades seriam invadidas pelos sem-terra.
O fazendeiro Pedro Miranda de
Oliveira afirmou que eles estiveram no local pela manhã, mas que
não intimidaram os sem-terra.
Em Vila dos Palmares, o clima é
tenso. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pediu
ao Exército que vigiasse a entrada.
Cerca de 200 sem-terra fizeram
ontem uma manifestação em frente à Casa Goiás, loja de material de
construção do fazendeiro Carlos
Antônio da Costa, procurado pela
polícia como um dos acusados de
matar dois sem-terra. A Polícia Civil de Parauapebas pediu à Justiça
a decretação da prisão provisória
de mais dois fazendeiros acusados.
Os delegados Willian Alexandre
e Lauriston Góes, responsáveis pelo inquérito, possuem uma lista
com 30 nomes de fazendeiros que
estavam na fazenda Goiás 2 no dia
dos crimes. Os nomes dos dois fazendeiros não foram divulgados.
"A prisão dos dois fazendeiros
será decretada amanhã (hoje) porque o promotor está colhendo depoimentos dos policiais militares e
não pode dar o despacho, apesar
de conhecer o assunto", afirmou à
Agência Folha a juíza do caso, Maria Vitória Torres, que entra em
férias amanhã.
Colaborou
ARI CIPOLA, da Agência Folha, em
Parauapebas
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