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STF deve permitir salário maior
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal) devem permitir
que eles próprios recebam acima
do limite de R$ 17.170, previsto na
reforma previdenciária. Após a
adoção do teto, os 11 ministros terão que decidir "questões domésticas" que permitem com que eles
ganhem, hoje, acima do limite.
Uma das "questões domésticas"
é que três dos ministros recebem
do Tribunal Superior Eleitoral a
verba extra de R$ 3.200 por atividade temporária nessa área, além
dos R$ 17.170 pagos pelo Supremo. Outra questão: o presidente
do STF tem direito a uma verba
extra de R$ 1.700 por ocupar esse
cargo. Assim, a remuneração do
atual presidente, Marco Aurélio
de Mello, é em torno de R$ 19 mil.
Também poderão ser atingidos
os ministros que são professores
universitários, como Gilmar
Mendes, que dá aula na Universidade de Brasília, e Carlos Velloso,
aposentado pela UnB.
A tendência da maioria dos ministros é liberar o acúmulo das
duas remunerações, conforme a
Folha apurou. Alguns dizem reservadamente que a perda da verba do TSE significaria trabalho
gratuito. Pela emenda constitucional da reforma previdenciária,
entregue anteontem ao Congresso, a soma de salários, aposentadorias e remunerações de qualquer tipo não pode superar o teto.
Depois da eventual liberação do
pagamento acima do teto, o STF
terá que decidir judicialmente se
os demais servidores públicos podem fazer o mesmo.
"Será muito ruim se houver dois
pesos e duas medidas, uma para si
e outra para os mortais", disse, em
tom irônico, Marco Aurélio, para
quem o tribunal não deve criar
nenhuma possibilidade de pagamento acima do teto. "Todos os
penduricalhos do contracheque
devem ser abolidos."
Não será a primeira vez que o
STF vai esbarrar em uma tentativa de adoção do teto. Uma polêmica decisão do tribunal, de 1989,
impediu que saísse do papel a
criação de um limite para cada
Poder da República, previsto no
texto original da Constituição.
Na época, os ministros excluíram do cálculo do teto, para efeito
de desconto, as vantagens pessoais, como adicionais por tempo
de serviço. O problema é que
grande parte da remuneração é
composta por verbas desse tipo.
Temeroso de que o problema se
repetisse agora, o governo decidiu
na última hora incluir os adicionais por tempo de serviço no teto,
antes previsto em R$ 12.720, mas
deixou de fora outras verbas, como a parcela paga pelo TSE.
Os R$ 17.170 equivalem ao salário-base de R$ 12.720 acrescido de
35% de adicionais por tempo de
serviço. Hoje, trabalham no TSE
Sepúlveda Pertence, Ellen Gracie
Northfleet e Carlos Velloso.
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