São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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CAMPO MINADO

Maio começa com invasão e protesto de sem-terra

DA AGÊNCIA FOLHA

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O mês de maio começou com três invasões de terra em municípios do Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo. Cerca de 400 pessoas ligadas ao Mast (Movimento dos Agricultores Sem Terra), uma dissidência do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), entraram ontem em fazendas em Caiuá e Presidente Bernardes.
Em Ribeirão Preto, o MST fez ontem um protesto contra os agronegócios e em homenagem ao 1º de Maio, distribuindo cinco toneladas de alimento.
Desde o dia 28 de março, nove fazendas foram tomadas pelos sem-terra na região do Pontal, uma das mais conflituosas em relação à questão fundiária. Seis invasões foram feitas pelo MST.
A primeira ação de ontem aconteceu na fazenda São Luís, de 300 hectares, em Presidente Bernardes, por volta da 1h. Segundo o dono da área, Carlos Frederico Machado Dias, as terras produzem batata-doce, soja e milho, além de abrigar pecuária. A Polícia Militar estimou que cerca de 200 pessoas estavam no local.
As outras propriedades invadidas, de acordo com a Delegacia Regional de Presidente Venceslau e a PM de Caiuá, foram as fazendas Três Sinos, de José Segura Moralli, e a fazenda Santa Rosa, de Joaquim das Neves. Cerca de 200 pessoas participaram das ações. A Agência Folha não conseguiu localizar ontem os proprietários das áreas, e a polícia não tinha informações sobre o tamanho das fazendas.
"O governo do Estado de São Paulo precisa paralisar a reforma agrária aqui no Pontal porque as invasões não param nem com os assentamentos", afirmou o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia.

Ribeirão
Do ato em Ribeirão Preto participaram aproximadamente cem integrantes do MST, que distribuíram arroz, feijão, abóbora, mandioca e quiabo a mil pessoas no calçadão da rua General Osório, em frente à choperia Pingüim.
O grupo chegou às 9h30 e deixou o local, um dos pontos mais tradicionais da cidade, por volta do meio-dia.
"É a agricultura camponesa que coloca o alimento na mesa do brasileiro", diz Kelli Mafort, da coordenação estadual do MST. "A reforma agrária tem de dar certo e não apenas ser capital para exportação", afirma Edivar Lavratti, também da direção do movimento, em referência à Agrishow, feira de negócios encerrada ontem.
Os alimentos foram produzidos no acampamento da fazenda Santa Clara, em Serra Azul. As cerca de 70 famílias que vivem no local devem ser assentadas até o final do ano, como anunciou na última semana o governador Geraldo Alckmin (PSDB).


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