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Para Genoino, é injusto premiar "atos atrozes"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PT, José Genoino, que ficou preso cinco anos por
ter participado da Guerrilha do
Araguaia, manifestou-se contra a
eventual indenização a militares
que combateram a luta armada liderada pelo PC do B no Pará na
primeira metade da década de 70.
"Seria uma injustiça premiar
quem praticou atrocidades a serviço do Estado", disse.
A Folha revelou ontem que militares que participaram do combate à guerrilha pretendem pedir
indenização à União nos mesmos
moldes dos reparos concedidos
aos pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutaram na Segunda Guerra Mundial.
"Não se trata de julgá-los nem
de indenizá-los. Eles eram agentes
de um Estado que cometeu barbaridades", disse Genoino. Segundo ele, esses militares não foram prejudicados pelo Estado,
mas estavam a serviço dele.
Para Genoino, a reportagem da
Folha foi "muito importante, porque reforça a necessidade de abertura dos arquivos da ditadura e
traz depoimentos de quem praticou crimes". Ele defendeu ainda
que os civis prejudicados pela
ação dos militares na região do Bico do Papagaio, no Pará, possam
eventualmente ser indenizados.
Limite a indenizações
Um pedido de indenização solicitado pelo próprio Genoino no
governo FHC está parado por iniciativa dele. No início do governo
Lula, o presidente do PT procurou o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, e solicitou a suspensão da tramitação do pedido.
"Fiz isso por discordar de indenizações vultosas que estavam
sendo concedidas. Acho que o limite máximo deve ser o dos familiares dos mortos e desaparecidos,
que é de R$ 150 mil. Quem sobreviveu não merece mais do que as
famílias de quem morreu e desapareceu", declarou Genoino.
O presidente do PT ficou preso
10 dias na região do Bico do Papagaio, em 1972. Em Brasília, foi reconhecido e voltou a ser encarcerado no Pará, onde sofreu tortura.
Ficou preso por mais nove meses em Brasília e por três anos em
São Paulo. O resto de sua pena de
5 anos foi cumprido em Fortaleza.
Ele foi o único militante condenado por ter "participado da preparação da guerrilha". "Não me arrependo. Corri riscos conscientemente", disse, na época, militante
do PC do B.
(KENNEDY ALENCAR)
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