São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Em missa em São Bernardo do Campo, presidente afirma que "PT tem de ter maturidade para saber a importância da reeleição"

Lula ataca oposição e diz que "povo" o julgará

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um discurso com claro conteúdo eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, na Missa do Trabalhador, em São Bernardo do Campo (SP), que caberá ao "povo brasileiro" julgá-lo pela crise política que envolveu integrantes do PT e do governo federal. Sem citar nomes, ele criticou ainda a oposição.
"Estou vendo as pessoas nervosas, irritadas, e não respondo. São vocês que vão julgar quem é quem na política brasileira."
Para o presidente, seu julgamento não pode ser feito "pelo baixo nível da disputa, pela imprensa". "Quando cheguei à Presidência, tomei uma decisão de nunca ficar nervoso, porque o presidente é como um avô, não é nem pai. O pai tem o direito de ficar nervoso com o filho, o avô não", afirmou.
O presidente, que desde 1979 participa das missas de Primeiro de Maio na catedral -com exceção de 1980, quando esteve preso-, parecia à vontade diante das cerca de 1.200 pessoas -a maioria delas petistas, sindicalistas e membros de pastorais.
Acompanhado pela primeira-dama Marisa e por alguns assessores, Lula entrou na catedral pelo corredor central e foi ovacionado. Deteve-se várias vezes para os cumprimentos. Quando discursou no púlpito, por 16 minutos, foi interrompido cinco vezes por aplausos e gritos de apoio.
A convite do vigário-geral da Diocese do ABC (Grande SP), Roberto Alves Marangon, o petista falou pouco antes do encerramento da missa.
O presidente iniciou o discurso falando das dificuldades enfrentadas pelos sindicatos durante o regime militar e chegou aos dias de hoje, mais precisamente à gestão dele, para dizer que tudo melhorou: o desemprego diminuiu, o salário mínimo aumentou e os preços de alimentos e de material de construção caíram. Não apresentou, porém, números para fazer comparações com as administrações anteriores.
O presidente também destacou a aprovação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e o aumento dos recursos destinados ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, que passará de R$ 2,4 bilhões para R$ 9 bilhões.
Sobre o fato de chegar ao último Dia do Trabalho do mandato dele sem realizar as prometidas reformas trabalhista e sindical, Lula responsabilizou as centrais sindicais e afirmou que criará um conselho de trabalhadores e empresários para discutir as mudanças.
"Não vamos mandar para o Congresso um projeto que ainda seja polêmico entre as centrais sindicais. Antes vamos preparar o texto, amarrar direitinho", disse.

Ato falho
Ao final do ato, ao comentar a política ampla de alianças aprovada no 13º Encontro Nacional do PT, Lula cometeu um ato falho e disse: "O PT tem de ter maturidade para saber a importância da reeleição". Ao perceber o deslize, o presidente gaguejou, sorriu e emendou: "Não, é [para saber] a importância das alianças para o processo eleitoral".
Em seguida, o presidente retomou a linha de discurso adotada por ele de evitar a confirmação de da candidatura dele à reeleição. "O PT sabe que eu não estou pressionando, que eu tenho tranqüilidade e posso decidir até o dia 30 de junho se sim ou se não."
Lula disse que, às vezes, fica "chateado" e reclama de notícias divulgadas. "Mas entendo que, quanto mais livre a imprensa for, mais forte é a democracia."
Ele admitiu ter interesse em ganhar o apoio do PMDB, cortejado hoje também pelo PSDB, do pré-candidato Geraldo Alckmin.
Assistiram a missa o ministro Luiz Marinho (Trabalho) e os pré-candidatos petistas ao governo paulista, Marta Suplicy e Aloizio Mercadante.
Marinho, que chegou ao ato reclamando de fortes dores na cervical, recebeu um analgésico do médico de Lula e a recomendação de procurar um pronto-socorro após a missa. Por conta das dores, o ministro cancelou sua participação no ato promovido pela CUT na avenida Paulista, em São Paulo.


Texto Anterior: Alckmin consulta economistas para definir programa
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.