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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Em missa em São Bernardo do Campo, presidente afirma que "PT tem de ter maturidade para saber a importância da reeleição"
Lula ataca oposição e diz que "povo" o julgará
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um discurso com claro conteúdo eleitoral, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse ontem,
na Missa do Trabalhador, em São
Bernardo do Campo (SP), que caberá ao "povo brasileiro" julgá-lo
pela crise política que envolveu
integrantes do PT e do governo
federal. Sem citar nomes, ele criticou ainda a oposição.
"Estou vendo as pessoas nervosas, irritadas, e não respondo. São
vocês que vão julgar quem é
quem na política brasileira."
Para o presidente, seu julgamento não pode ser feito "pelo
baixo nível da disputa, pela imprensa". "Quando cheguei à Presidência, tomei uma decisão de
nunca ficar nervoso, porque o
presidente é como um avô, não é
nem pai. O pai tem o direito de ficar nervoso com o filho, o avô
não", afirmou.
O presidente, que desde 1979
participa das missas de Primeiro
de Maio na catedral -com exceção de 1980, quando esteve preso-, parecia à vontade diante das
cerca de 1.200 pessoas -a maioria delas petistas, sindicalistas e
membros de pastorais.
Acompanhado pela primeira-dama Marisa e por alguns assessores, Lula entrou na catedral pelo
corredor central e foi ovacionado.
Deteve-se várias vezes para os
cumprimentos. Quando discursou no púlpito, por 16 minutos,
foi interrompido cinco vezes por
aplausos e gritos de apoio.
A convite do vigário-geral da
Diocese do ABC (Grande SP), Roberto Alves Marangon, o petista
falou pouco antes do encerramento da missa.
O presidente iniciou o discurso
falando das dificuldades enfrentadas pelos sindicatos durante o regime militar e chegou aos dias de
hoje, mais precisamente à gestão
dele, para dizer que tudo melhorou: o desemprego diminuiu, o
salário mínimo aumentou e os
preços de alimentos e de material
de construção caíram. Não apresentou, porém, números para fazer comparações com as administrações anteriores.
O presidente também destacou
a aprovação do Fundo Nacional
de Habitação de Interesse Social e
o aumento dos recursos destinados ao Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar, que passará de R$ 2,4 bilhões para R$ 9 bilhões.
Sobre o fato de chegar ao último
Dia do Trabalho do mandato dele
sem realizar as prometidas reformas trabalhista e sindical, Lula
responsabilizou as centrais sindicais e afirmou que criará um conselho de trabalhadores e empresários para discutir as mudanças.
"Não vamos mandar para o
Congresso um projeto que ainda
seja polêmico entre as centrais
sindicais. Antes vamos preparar o
texto, amarrar direitinho", disse.
Ato falho
Ao final do ato, ao comentar a
política ampla de alianças aprovada no 13º Encontro Nacional do
PT, Lula cometeu um ato falho e
disse: "O PT tem de ter maturidade para saber a importância da
reeleição". Ao perceber o deslize,
o presidente gaguejou, sorriu e
emendou: "Não, é [para saber] a
importância das alianças para o
processo eleitoral".
Em seguida, o presidente retomou a linha de discurso adotada
por ele de evitar a confirmação de
da candidatura dele à reeleição.
"O PT sabe que eu não estou pressionando, que eu tenho tranqüilidade e posso decidir até o dia 30
de junho se sim ou se não."
Lula disse que, às vezes, fica
"chateado" e reclama de notícias
divulgadas. "Mas entendo que,
quanto mais livre a imprensa for,
mais forte é a democracia."
Ele admitiu ter interesse em ganhar o apoio do PMDB, cortejado
hoje também pelo PSDB, do pré-candidato Geraldo Alckmin.
Assistiram a missa o ministro
Luiz Marinho (Trabalho) e os pré-candidatos petistas ao governo
paulista, Marta Suplicy e Aloizio
Mercadante.
Marinho, que chegou ao ato reclamando de fortes dores na cervical, recebeu um analgésico do
médico de Lula e a recomendação
de procurar um pronto-socorro
após a missa. Por conta das dores,
o ministro cancelou sua participação no ato promovido pela
CUT na avenida Paulista, em São
Paulo.
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