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PITTAGATE
Sessão teve dois votos contra e dois a favor do prefeito afastado de SP
Caso Pitta tem empate no
STJ e decisão fica para hoje
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do STJ (Superior
Tribunal de Justiça) Milton Luiz
Pereira vai decidir a partir das 14h
de hoje, com um voto de desempate, se o prefeito afastado de São
Paulo, Celso Pitta (PTN), será ou
não reconduzido ao cargo.
Ontem à tarde, o julgamento do
recurso movido pelos advogados
de Pitta terminou empatado em
dois votos contra Pitta e dois a favor. O ministro Peçanha Martins,
que deveria estar na sessão, está
em Nova York desde domingo.
Os dois ministros que votaram
favoravelmente à recondução de
Pitta ao cargo, Franciulli Netto e
Fátima Nancy Andrighi, consideraram que ele só poderia ter sido
afastado do cargo antes da sentença final da ação na qual é réu se
houvesse indício ou prova de que
ele tivesse dificultado ou ameaçado a instrução processual.
Esses ministros afirmaram que
o Ministério Público Estadual, autor da ação que gerou o afastamento de Pitta no último dia 25,
não havia apontado nenhum indício dessa interferência.
Os dois votos contrários ao recurso apresentado por Pitta foram de Eliana Calmon, relatora
da decisão que, há oito dias, negou a liminar que impediria o
afastamento, e Paulo Gallotti.
Eles entenderam que haveria
risco de Pitta, no cargo, dificultar
a apuração da ação civil pública
na qual é acusado de enriquecimento ilícito e favorecimento do
empresário Jorge Yunes.
Eliana Calmon, ao submeter o
recurso aos outros três ministros,
explicou por que manteve a decisão da semana passada e contestou os argumentos dos defensores
de Pitta, como a afirmação de que
teria negado a liminar por motivação política.
A ministra protestou, por
exemplo, contra o fato de os advogados terem afirmado que ela
permitira o afastamento devido à
repercussão do caso na mídia,
"principalmente em uma grande
emissora de televisão", em referência indireta à Rede Globo.
Ela disse que não levou em conta esse aspecto, mas o fato de haver pelo menos outros dez processos contra o prefeito afastado.
Eliana reafirmou que Pitta já está com a imagem desgastada e
que, por isso, não haveria perigo
de o afastamento provocar dano
irreparável à sua imagem.
A Lei de Improbidade, que está
sendo aplicada na ação movida
pelo Ministério Público, só permite a perda do cargo quando há
sentença definitiva e prevê o afastamento na hipótese de o agente
público obstruir a investigação.
Inicialmente, os advogados de
Pitta, Antônio Mariz de Oliveira e
Marco Antonio Mundim, moveram uma medida cautelar com
pedido de liminar para impedir o
afastamento de Pitta, que havia sido decretado pelo Tribunal de
Justiça de São Paulo.
Como a relatora da medida cautelar, Eliana Calmon, negou a liminar, eles apresentaram na última terça-feira um agravo regimental para que a 2ª turma do STJ
examinasse a decisão dela.
A 2ª turma do STJ é uma das
duas especializadas em direito
público. O ministro Milton Luiz
Pereira é membro da 1ª turma e
foi convocado, por critério de antiguidade, para o desempate.
No julgamento do recurso, cada
ministro está verificando se há no
caso duas condições básicas para
a concessão de liminar: perigo de
dano irreparável ao autor do pedido na hipótese de demora da
decisão final e indicadores de que
ele dispõe de razões jurídicas.
Com exceção de Eliana, os outros ministros reconheceram o
risco de dano, porque a ação que
gerou o afastamento não deverá
ter julgamento definitivo até o término do mandato, em dezembro.
Paulo Gallotti, porém, afirmou
que não há o outro requisito para
a concessão da liminar: a existência de fundamentos jurídicos que
justifiquem a recondução.
A relatora voltou a dizer ontem
que não haveria o risco de dano
irreparável para Pitta porque a
sua imagem já está desgastada.
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