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PRESSÃO SOBRE A BASE
João Paulo cedeu após Lula afirmar, em reunião, que caso é "questão de honra'; ministros foram atrás de votos
Governo decide antecipar votação do mínimo
FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu antecipar para hoje a votação do salário mínimo, temendo que na próxima semana não haja quórum suficiente
na Câmara devido ao feriado de
Corpus Christi. O presidente da
Casa, João Paulo Cunha (PT-SP),
que era contrário, cedeu após ser
chamado para almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Folha apurou que Lula disse a
João Paulo que era "questão de
honra" votar logo o mínimo e que
não queria que ele criasse dificuldades. O deputado, que tem feito
críticas ao governo depois da falta
de apoio à emenda que permitiria
a reeleição nas presidências da
Câmara e do Senado, foi mais afável na presença do presidente.
De manhã, em reunião com Lula, o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) previu que o governo terá ao menos 275 votos na
Câmara. Para aprovar a medida
provisória, é preciso maioria simples desde que haja quórum mínimo de 257 deputados no plenário.
Já na negociação com o Senado,
onde há maior resistência, haverá
tentativa de acordo com a oposição e operação específica com o
grupo do presidente da Casa, José
Sarney (PMDB-AP), também magoado com Lula por causa da falta
de apoio à emenda da reeleição.
No melhor cenário na Câmara,
o governo contabiliza pouco mais
de 300 votos a favor do mínimo de
R$ 260. Além de Aldo, ministros,
como os peemedebistas Eunício
Oliveira (Comunicações) e Amir
Lando (Previdência), passaram o
dia tentando conquistar votos.
Eunício foi à liderança de seu
partido na Câmara. A bancada divulgou nota defendendo mínimo
de R$ 300. "Estamos na base aliada do governo. Compreendo que,
se o valor fosse maior, estaríamos
numa situação diferente, mas
ninguém mais do que o presidente deseja dar aumento maior."
Teve efeito a ameaça de Lula de
retaliar os rebeldes na liberação
de verbas de emendas e cargos.
Contrariado, o presidente resolveu endurecer com a base em reunião anteontem com ministros.
O governo avalia que, no pior
cenário, terá 40 votos entre os 78
deputados do PMDB. No melhor,
contabiliza 50. No PT, cuja bancada é de 90 deputados, o governo
avalia que terá 70 votos no pior
cenário. No melhor, mais de 80.
A mudança no calendário de
votação foi levantada em reunião
de Aldo com líderes aliados de
manhã. "Tem um feriado e o início das convenções partidárias
[na próxima semana]. Depois, temos o problema na outra semana
das festas juninas, em especial no
Nordeste", disse o líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP).
A votação da medida provisória
do mínimo já havia sido adiada
devido à derrota da emenda da
reeleição no Congresso, que dividiu a base aliada. Depois, para ser
apreciada antes a emenda que altera a reforma da Previdência.
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