São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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PRESSÃO SOBRE A BASE

João Paulo cedeu após Lula afirmar, em reunião, que caso é "questão de honra'; ministros foram atrás de votos

Governo decide antecipar votação do mínimo

FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu antecipar para hoje a votação do salário mínimo, temendo que na próxima semana não haja quórum suficiente na Câmara devido ao feriado de Corpus Christi. O presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), que era contrário, cedeu após ser chamado para almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Folha apurou que Lula disse a João Paulo que era "questão de honra" votar logo o mínimo e que não queria que ele criasse dificuldades. O deputado, que tem feito críticas ao governo depois da falta de apoio à emenda que permitiria a reeleição nas presidências da Câmara e do Senado, foi mais afável na presença do presidente.
De manhã, em reunião com Lula, o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) previu que o governo terá ao menos 275 votos na Câmara. Para aprovar a medida provisória, é preciso maioria simples desde que haja quórum mínimo de 257 deputados no plenário.
Já na negociação com o Senado, onde há maior resistência, haverá tentativa de acordo com a oposição e operação específica com o grupo do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), também magoado com Lula por causa da falta de apoio à emenda da reeleição.
No melhor cenário na Câmara, o governo contabiliza pouco mais de 300 votos a favor do mínimo de R$ 260. Além de Aldo, ministros, como os peemedebistas Eunício Oliveira (Comunicações) e Amir Lando (Previdência), passaram o dia tentando conquistar votos.
Eunício foi à liderança de seu partido na Câmara. A bancada divulgou nota defendendo mínimo de R$ 300. "Estamos na base aliada do governo. Compreendo que, se o valor fosse maior, estaríamos numa situação diferente, mas ninguém mais do que o presidente deseja dar aumento maior."
Teve efeito a ameaça de Lula de retaliar os rebeldes na liberação de verbas de emendas e cargos. Contrariado, o presidente resolveu endurecer com a base em reunião anteontem com ministros.
O governo avalia que, no pior cenário, terá 40 votos entre os 78 deputados do PMDB. No melhor, contabiliza 50. No PT, cuja bancada é de 90 deputados, o governo avalia que terá 70 votos no pior cenário. No melhor, mais de 80.
A mudança no calendário de votação foi levantada em reunião de Aldo com líderes aliados de manhã. "Tem um feriado e o início das convenções partidárias [na próxima semana]. Depois, temos o problema na outra semana das festas juninas, em especial no Nordeste", disse o líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP).
A votação da medida provisória do mínimo já havia sido adiada devido à derrota da emenda da reeleição no Congresso, que dividiu a base aliada. Depois, para ser apreciada antes a emenda que altera a reforma da Previdência.


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