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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula é cínico e faz farra fiscal, diz Alckmin
Candidato do PSDB critica presidente por discutir campanha no Palácio do Planalto e evita apoiar eventual fim da reeleição
Ministro Guido Mantega, da
Fazenda, reage às críticas
à política econômica e diz
que nunca houve superávit
primário tão alto no país
VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE
BRASÍLIA
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin tachou o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de cínico, acusou-o de patrocinar uma "farra fiscal e cambial" e o criticou por
"abusar" do uso do cargo para
fazer campanha eleitoral.
O tucano, porém, não se
comprometeu a acabar com o
instrumento da reeleição, instituído no governo FHC e que
permite ao presidente da República disputar um segundo
mandato sem deixar o cargo.
Segundo o ex-governador,
não é porque há "abuso" que se
tem de "acabar com a reeleição". Ele defendeu a adoção de
regras rígidas de controle em
vez do seu fim. Sugeriu que o
candidato deveria se afastar do
posto na campanha, o que não
fez quando se candidatou à reeleição ao governo paulista.
Ontem, ao comentar declarações do presidente, Alckmin
disse que Lula estava passando
da "omissão para o cinismo".
Segundo o tucano, "primeiro
ele dizia que de nada sabia, agora fala que corrupção não tem
problema".
Em viagem a Manaus, Lula
desafiou seus adversários a enfrentá-lo com denúncias na
campanha pela televisão. "Quero que eles coloquem CPI na televisão todo dia, toda hora. Que
coloquem as torturas que fizeram com muita gente lá."
"O presidente Lula, que já vinha cometendo omissão ao dizer que não sabia, que não ouviu, agora comete cinismo, passa da omissão para o cinismo, e
isso é imperdoável. Mostra que
eles não aprenderam nada com
a crise, uma das maiores da política brasileira nos últimos
tempos", disse Alckmin.
O tucano criticou Lula também por estar praticando, em
sua opinião, "uma grande farra
cambial e fiscal" com objetivos
"meramente eleitoreiros".
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu às críticas:
"Aqui na União não há nenhuma farra fiscal, muito menos
cambial. Muito pelo contrário,
nunca se fez um superávit primário desta magnitude durante tantos anos seguidos. (...)
"Quando se fala em farra cambial me vem à mente aquele período do governo FHC em que
o câmbio era mantido artificialmente congelado, como se o
real fosse mais valorizado que o
dólar", afirmou.
Susto
O tucano disse ter levado um
"susto" quando viu que Lula recebeu, no Palácio do Planalto, o
ex-governador Orestes Quércia
para oferecer a vaga de vice ao
PMDB. "Eles estão abusando
do uso do dinheiro público, escancaradamente, como se fosse
algo normal", protestou.
Ao ser lembrado de que Lula
ainda não é candidato oficial e
que FHC disputou a reeleição
no cargo, o tucano disse que o
petista fere o princípio da "razoabilidade jurídica" e que, na
época de seu colega de partido,
"foi diferente".
Em 1998, FHC foi orientado
a não fazer reuniões políticas
de campanha no Palácio do Planalto. O uso do Palácio da Alvorada, no entanto, foi liberado
na época por ser permitido pela
legislação.
O fim da reeleição chegou a
ser defendido neste ano pelos
tucanos. A idéia surgiu para facilitar a escolha de Alckmin como candidato a presidente. Em
retribuição a José Serra, preterido na disputa interna, Alckmin apoiaria o fim da reeleição.
Abriria, assim, espaço para o
ex-prefeito ser o candidato presidencial em 2010 mesmo na
eventual vitória do ex-governador na eleição deste ano.
Hoje, porém, Alckmin joga o
assunto para o Congresso, dizendo que cabe a ele decidir sobre o tema. Mas diz que ainda é
cedo "para se ter uma avaliação
mais acurada" da validade da
reeleição. "Só tivemos uma até
agora."
BC independente
Em café da manhã com jornalistas na casa de seu colega de
chapa, o pefelista José Jorge,
Alckmin falou sobre planos de
governo.
Disse que, apesar de ser favorável à idéia, não considera
prioridade propor a independência formal do Banco Central, manifestando preferência
pelo sistema atual, de autonomia operacional.
"O problema hoje é de farra
fiscal. Com isso, o único instrumento para combater a inflação é a taxa de juros", afirmou,
prometendo adotar um ajuste
fiscal para abrir espaço aos investimentos.
O tucano disse ainda que dará prioridade a duas reformas
-política e tributária. Na primeira, a idéia é lutar pela fidelidade partidária. Na segunda,
unificar a legislação do ICMS e,
depois, implantar o IVA (Imposto sobre Valor Agregado).
Sobre reforma da Previdência,
deixou de fazer comentários.
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