São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Diretor da PF diz que ministra do STJ pode ter se equivocado

Paulo Lacerda elogia Eliana Calmon, mas defende a atuação de seu diretor-executivo, Zulmar Pimentel, que foi afastado

Diretor-geral afirma que PF usa hoje no Brasil o mesmo que as polícias do mundo e que as megaoperações contra o crime vão continuar


ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, defendeu ontem o modo de atuação da organização, a atuação profissional do diretor-executivo, Zulmar Pimentel, afastado por ordem judicial, e disse que as megaoperações de combate à corrupção vão continuar.
"Sem dúvida [que vão continuar]. Existem inúmeras operações que estão sendo gestadas, e vai ter o momento em que serão deflagradas", afirmou Lacerda após a cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, na sede da PF.
Lacerda elogiou a ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon, que preside o inquérito relacionado à Operação Navalha e que determinou o afastamento, na última segunda, de três delegados federais, entre os quais Zulmar, o segundo homem na hierarquia da PF. Disse, porém, que ela pode ter cometido um "equívoco" ao ordenar o afastamento do diretor-executivo.
"Respeitamos a decisão da ministra. Trata-se de uma magistrada preparada, competente e justa. Por conhecer o dr. Zulmar Pimentel há cerca de 30 anos, tenho o perfil dele como o de um homem íntegro. Acho que talvez tenha havido algum equívoco em relação às avaliações que estão sendo agora objeto de apreciação."
Lacerda rebateu as críticas de que a PF tem cometido excessos e também sobre os procedimentos adotados pela equipe da Diretoria de Inteligência Policial, que conduziu as investigações relacionadas às operações Hurricane e Navalha, as duas maiores na área de combate à corrupção em meio ao Judiciário e à políticos.
Segundo Lacerda, a PF usa hoje no Brasil o mesmo que as polícias do mundo no combate ao crime. Atribuiu eventuais "equívocos" à fase atual da atividade policial, em que tem havido muitas mudanças na legislação e no aspecto tecnológico.
Em conjunto, essas inovações levaram a um novo perfil de atuação da PF, que ainda precisa ser regulamentado internamente, na opinião dele. "Acho até que alguns equívocos que por ventura possam ter ocorrido, algumas situações que vêm causando divergência são um pouco fruto disso, [da falta de regulamentação dos procedimentos diante das inovações legais e tecnológicas]."
Lacerda negou que haja clima tenso na PF, que começou com a disputa pela sua sucessão e se agravou com o afastamento, na terça, de Pimentel, sob argumento de que teria vazado a um colega informações sigilosas sobre a Operação Octopus. "Às vezes convivemos com essa situação de uma certa intranquilidade quando envolve um policial. Mas sabemos agir profissionalmente."


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