São Paulo, terça, 2 de junho de 1998

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PF prende amigo de Collor e PC

XICO SÁ
da Reportagem Local

A Polícia Federal prendeu na semana passada, no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, o francês Guy de Longchamps, acusado de fazer parte do chamado "esquema PC Farias" no exterior.
Longchamps foi condenado pela Justiça Federal do Rio, sob a acusação de realizar operações financeiras irregulares.
A PF localizou uma série de cheques do tesoureiro da campanha do ex-presidente Collor nas suas contas bancárias.
Amigos de Longchamps em Maceió informaram ontem que o francês se descuidou na sua defesa perante a Justiça, o que resultou em julgamento à revelia, praticamente sem defesa.
Condenado a seis anos de prisão, Longchamps alega que os cheques recebidos de PC se referem ao serviço que prestou, como arquiteto, na construção da casa da família Farias no bairro da Mangabeira, em Maceió.

França e Alagoas
Longchamps vivia atualmente entre Paris e Maceió, cidade que adotou desde o início dos anos 80. Lá, fez amizades com a turma que, mais tarde, em 1989, conquistaria o Palácio do Planalto.
Esse grupo, do qual fazia parte o atual ministro da Justiça, Renan Calheiros, implantou a chamada "República de Alagoas", durante o mandato de Fernando Collor (1990-92).
Guy de Longchamps surgiu como personagem do chamado "esquema PC" em 92, quando Pedro Collor, irmão do então presidente, acusou-o de ser "testa-de-ferro" de Fernando Collor e da Paulo César Farias no exterior.
Segundo Pedro Äque faleceu, vítima de câncerÄ, o então presidente havia comprado um apartamento em Paris, por US$ 2,7 milhões. Para esconder o negócio, o imóvel teria sido registrado em nome de Longchamps.
O francês teria atuado nesta operação imobiliária na companhia de Ironildes Teixeira, também acusado de ser testa-de-ferro do esquema por meio da empresa Miami Leasing, responsável pelo repasse de aviões a empresários brasileiros.
Durante o período da fuga de PC Farias, que deixou o Brasil em 93 para escapar da prisão, Longchamps foi muito útil para o empresário alagoano.
Funcionava como conselheiro e ajudava PC, dando dicas de hospedagem, restaurantes mais discretos, entre outras sugestões, quando o tesoureiro de Collor estava em Londres.



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