São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/ALIANÇAS

Presidente do partido diz que almeja para os petebistas o posto de principal e mais fiel aliado, como os pefelistas foram de FHC

PTB se aproxima do PT para ser "PFL do Lula"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao surpreender se aliando a antigos adversários petistas em seis capitais e em cidades importantes do interior, o PTB investe no projeto de virar o "PFL" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Almeja tomar o lugar do PMDB e do PL como aliados "principais".
"É exatamente isso que queremos construir", responde o presidente do PTB, o deputado federal Roberto Jefferson (RJ), ao ser indagado se a idéia é ser para Lula o que PFL foi durante sete anos para o tucano Fernando Henrique Cardoso, presidente de 1995 a 2002). Ou seja, uma legenda de peso, funcionando como linha auxiliar até mais fiel que o próprio partido presidencial. O PFL tinha até a vice de FHC.
Jefferson confirma que a parceria com o PT envolve o desejo de tomar do PL a vaga de vice quando Lula disputar a reeleição, um segundo ministério até o final deste ano e a atração de parlamentares hoje no PPS, no PDT e em outros partidos para tentar virar a segunda maior bancada na Câmara -onde tem 52 deputados- e pelo menos duplicar o tamanho no Senado -onde tem três representantes. "Tudo isso sem toma-lá-dá-cá. [...] Mas é claro que o PTB espera ser reconhecido por honrar o projeto nacional com o Lula", afirma Jefferson.
Aproveitando-se da crescente disputa entre Ciro Gomes e o presidente do PPS, o deputado federal Roberto Freire (PE), o PTB já convidou o ministro da Integração Nacional para se filiar.
Com aval de Lula, o convite foi feito via Walfrido Mares Guia, petebista e ministro do Turismo que apoiou Ciro na eleição presidencial de 2002. Como o PPS aderiu ao tucano José Serra na eleição paulistana, Lula teria a justificativa para dar o ministério de Ciro ao partido, sem precisar trocar o titular, como teve que fazer quando rompeu com o PDT. Em 2006, Ciro poderia ser vice de Lula. Mas Walfrido é o preferido de Jefferson. O sonho de conquistar a vice está ancorado na instável convivência que o PL do vice José Alencar tem com o presidente.
Detalhe: coube principalmente ao ministro José Dirceu (Casa Civil), que tem relação difícil com Marta Suplicy e caciques do PT paulistano, a articulação que levou o PTB a apoiar oficialmente a prefeita. Dirceu também está por trás da manobra que fez o PTB romper com o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, e aderir à candidatura de Jorge Bittar (PT).
Em contrapartida, Dirceu deverá fornecer os instrumentos (cargos e emendas parlamentares) para o inchaço do PTB -partido que já foi visto pelos petistas como repositório de biografias suspeitas sem peso para disputas majoritárias, mas unidas para ter força no Congresso.
Jefferson (RJ), por exemplo, foi líder da famosa tropa de choque do governo Fernando Collor de Mello. O grupo foi o que mais atuou contra o impeachment do ex-presidente (1990-1992). "Com o PT, podemos reposicionar nossa imagem à centro-esquerda. Com o PSDB, ficaríamos à direita", diz o presidente do PTB.


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