São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Painel

Renata Lo Prete
painel@uol.com.br

Use com moderação

O comando petista não descarta a possibilidade de Lula participar de debate durante a campanha. Mas seriam poucos -um só, provavelmente- e apenas no eventual segundo turno, quando o presidente teria de se avistar somente com o adversário principal, evitando uma situação do gênero "todos contra um". Para quem achar pouco e reclamar, a resposta do governo está pronta: FHC não foi a debate nenhum em 1998.
Também as aparições de Lula nas campanhas estaduais serão comedidas, seja para fugir da saia justa onde PT e aliados se enfrentam, seja porque em alguns Estados o presidente terá um acordo branco com candidatos da oposição que lideram com folga.

Não-agressão. A Paraíba é um dos Estados de que Lula quer distância na campanha. Ali o PT enfrenta o governador Cássio Cunha Lima, o mais lulista dos tucanos. Em troca, este não moverá palha por Geraldo Alckmin.

Meu querido. Lula comandou pessoalmente a operação que implodiu a aliança de Blairo Maggi (PPS) com o PSDB. O governador de Mato Grosso, que até recentemente falava maravilhas de Alckmin, fechou a porta de seu palanque para o tucano Antero Paes de Barros e lançou um outro nome ao Senado.

Rebanho. De um integrante da coordenação da campanha de Alckmin, sobre os desentendimentos remanescentes com o PFL nas disputas estaduais: "É só não mexer com as vacas sagradas. Bezerro se amansa na véspera".

Grilo falante. Cesar Maia, espécie de ombudsman da coligação tucano-pefelista, será finalmente incorporado à coordenação da campanha de Alckmin. O prefeito do Rio foi convidado para a última reunião do Conselho Político. Além disso, Marcelo Garcia, técnico ligado a ele, juntou-se à equipe do plano de governo.

Divisão de tarefas. José Serra e seu candidato a vice, Alberto Goldman, terão agenda separadas em São Paulo. Ao deputado tucano caberá visitar cidades pequenas. Já o candidato ao governo se concentrará nos municípios de médio e grande porte.

Reduto. Pesquisa Ibope feita no Rio Grande do Sul mostra que Heloisa Helena (PSOL) tem 14% das intenções de voto em Porto Alegre, mais que o dobro de seu desempenho nacional. Ali, a rejeição à senadora é a menor entre os presidenciáveis: 12%.

Assopra. Depois de tratar o PC do B a pão e água na fase de montagem dos palanques, o PT tenta mostrar apreço pelo velho aliado. Lula avisou a Aldo Rebelo que irá à festa de lançamento de sua candidatura a deputado, em São Paulo.

Inanição. O ex-ministro Agnelo Queiroz desistiu da candidatura ao governo do DF depois de ver até nanicos como PHS e PTN abandonarem seu barco. Como prêmio de consolação, seu partido, o PC do B, obteve o apoio dos petistas em Tocantins.

Há vagas. Mais uma vez, os partidos enfrentam dificuldade para cumprir a cota de 30% de mulheres nas chapas de candidatos a deputado. Na falta de interessadas, algumas siglas têm cortado homens inscritos para concorrer.

Rambo. Em visita ao Haiti, Waldir Pires, 79, acompanhou de perto a missão liderada pelo Exército brasileiro: vestiu colete à prova de balas e até andou de Urutu, despertando elogios dos soldados: "O ministro da Defesa foi aprovado no teste de resistência", brincou um deles.

Comporta. Trancada por semanas, a pauta do Senado será liberada aos poucos. A "operação-padrão" foi realizada para impedir que empréstimos aos Estados, permitidos apenas até 30 de junho, fossem aprovados -e opositores dos senadores-candidatos faturassem.

Tiroteio

O presidente foi irresponsável ao brincar com a vida humana e desrespeitoso ao fazer isso na frente de um médico.


Do deputado RAFAEL GUERRA (PSDB-MG), que coordena a bancada da saúde na Câmara, sobre declaração de Lula segundo a qual quem morre "na mão" do cardiologista e ex-ministro Adib Jatene "morre satisfeito", mesmo que tenha havido erro, porque Jatene é "o melhor".

Contraponto

Bola de cristal

Na sede do PT em São Paulo, anos atrás, o senador Cristovam Buarque, hoje no PDT, encontrou-se com o amigo de infância Bruno Maranhão, integrante da ala radical do partido e líder do MLST. Os dois conversavam quando foram interrompidos por Lula:
-Cristovam, vamos almoçar? Preciso falar com você.
-Ah, Lula, você eu vejo sempre. Vou almoçar com o Bruno, que não vejo faz tempo- respondeu o senador.
Lula então perguntou se Cristovam conhecia Maranhão havia muito tempo. Ele esclareceu: mais de 20 anos. Na época presidente de honra do PT, Lula comentou:
-E até hoje não conseguiu colocar juízo na cabeça dele?


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