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ELEIÇÕES 2006/RIO DE JANEIRO
Lula ignora PT para apoiar Crivella no Rio
Presidente afirma que tem "carinho" pelo senador do PRB; Vladimir Palmeira diz não se importar com apoio ao adversário
Crivella aparece com 18% nas pesquisas, contra 2% do candidato petista; Sérgio Cabral, que tem o apoio de Garotinho, lidera disputa
SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá um palanque de
verdade e outro de mentira no
Rio. O de verdade é o do senador Marcelo Crivella, para
quem escreveu uma carta de
duas laudas, lida anteontem na
convenção do PRB. O de mentira é o de Vladimir Palmeira,
candidato de seu partido, o PT.
Principal oponente de Lula
na disputa presidencial, o tucano Geraldo Alckmin terá à disposição o palanque dos deputados federais Eduardo Paes,
candidato do PSDB, e Denise
Frossard, do PPS. Negocia também com o senador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
O vice de Lula, José Alencar,
foi a estrela da convenção do
PRB do Rio. Durante o evento,
Alencar citou trechos da carta
de Lula em apoio a Crivella.
Nela, Lula diz que tem carinho, respeito e admiração por
Crivella. "Ao longo deste tempo
em que temos convivido (...)
aprendi a respeitá-lo, e verifiquei o quanto tenho podido
confiar em seu apoio e em sua
atuação solidária." Lula também propôs uma parceria com
Crivella. "Poderemos juntos fazer muito mais pelo Estado do
Rio de Janeiro, tal como esse
povo maravilhoso merece", escreveu o presidente.
A ida de Lula ao Rio para participar de atos com a presença
de Crivella ocorrerá quando a
campanha começar, disse
Alencar. Nas recentes visitas de
Lula ao Rio, no mês passado, o
senador do PRB o acompanhou
nos eventos.
Já a presença de Alckmin no
Rio ocorrerá nos palanques de
Paes (4% da intenção de votos,
segundo o Datafolha) e de Denise Frossard, que teve 10% das
intenções de votos pelo último
Datafolha. A tendência de Cabral Filho é apoiá-lo, mas ainda
não houve acordo.
Já o candidato petista -e
"traído'- ao governo fluminense disse não se importar com o
apoio de Lula ao adversário.
Palmeira tem 2% das intenções
de votos no último Datafolha,
contra 18% de Crivella e 35% do
líder Cabral Filho. "Não acho
nada demais. Desde o início é
sabido que Lula teria dois palanques no Rio. Fui consultado.
Disse a Lula que não tinha problema algum", afirmou.
Pacto de não-agressão
De olho no segundo turno, os
adversários na disputa no Rio
articulam um pacto de não-agressão durante a campanha.
Crivella e o líder local do
PFL, o prefeito do Rio, Cesar
Maia, já estabeleceram uma
aliança caso a eleição não seja
decidida no primeiro turno.
Maia é o ideólogo da coligação
firmada em torno da candidatura de Denise Frossard.
Na manhã de sexta-feira, o
candidato do PRB recebeu um
telefonema do prefeito. De
acordo com o senador, Maia
prometeu que o PFL e seus
aliados (PPS e PV) o apoiarão
no caso de um segundo turno
contra Cabral Filho, que é
apoiado pela governadora Rosinha Matheus por seu marido,
Anthony Garotinho. Em contrapartida, Crivella e o PRB
apoiarão a deputada se for ela a
adversária de Cabral.
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