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Médico José Pinotti
morre aos 74 em SP
Deputado licenciado, o secretário municipal da Mulher de SP lutava contra um câncer de pulmão diagnosticado há 11 meses
Professor titular e depois
reitor da Unicamp, Pinotti
causou polêmica, em 1989,
ao propor plebiscito sobre
descriminalização do aborto
Ricardo Nogueira - 7.dez.2006/Folha Imagem
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O médico José Aristodemo Pinotti durante entrevista em seu consultório na av. Brasil, em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
Morreu na madrugava de ontem o secretário municipal da
Mulher, José Aristodemo Pinotti (DEM-SP), 74. Médico e
deputado federal licenciado,
ele lutava contra um câncer de
pulmão diagnosticado há 11
meses. Enterrado no cemitério
da Consolação, ela deixou mulher, dois filhos e cinco netos.
Além de professores, médicos e pacientes, políticos das
mais variadas legendas compareceram ao velório, realizado,
das 11h às 16h30m, na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
O governador José Serra
(PSDB) e o prefeito Gilberto
Kassab (DEM) acompanharam
o cortejo até o cemitério. Designado como representante do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o ministro das Relações
Institucionais, José Múcio
Monteiro, viajou a São Paulo
com uma comitiva de deputados -que incluía o presidente
da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), e o presidente
do DEM, Rodrigo Maia (RJ).
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar
Mendes, também foram ao velório, que contou com a presença de quatro ex-governadores.
Expoentes da medicina, como Adib Jatene, Davi Uip e
Paulo Hoff, estiveram no velório. Dentro e fora do auditório
onde corpo foi velado, amigos
exaltaram a coragem com que
Pinotti defendia seus ideiais.
Nomeado secretário especial
da Mulher de São Paulo no início deste ano -após diagnóstico do câncer-, Pinotti só começou sua carreira política depois de ter se notabilizado como médico -o que o levou a
ocupar as secretarias da Educação e da Saúde em São Paulo.
Inicialmente filiado ao PMDB,
aderiu em 2003 ao PFL (DEM).
Obstetrícia
Nascido em 1934, formou-se
em medicina pela USP em
1958, especializando-se em ginecologia e obstetrícia no Hospital Pérola Byington, em São
Paulo, e depois na Universidade de Florença, na Itália.
Desde cedo engajou-se na luta pela saúde e direitos sexuais
e reprodutivos da mulher. Assessorou instituições como a
OMS (Organização Mundial da
Saúde), a ONU (Nações Unidas) e a OEA (Organização dos
Estados Americanos). Tornou-se professor titular da Unicamp
em 1972, diretor da Faculdade
de Ciências Médicas em 1976, e
reitor da universidade em 1982.
Tornou-se secretário estadual da Educação em 1986, no
governo Franco Montoro
(PMDB), e assumiu a Saúde do
governo Quércia (1987).
Causou polêmica, em 1989,
ao propor um plebiscito no país
sobre descriminalização do
aborto. Em 1990, deixou a secretaria para disputar a vaga do
PMDB ao governo estadual em
meio a um mal-estar com
Quércia, que optou pelo nome
de Luiz Antônio Fleury Filho.
Em 1992 foi lançado candidato a prefeito de Campinas, mas
acabou derrotado. Em 1994, foi
eleito deputado federal pelo
PMDB, com uma das campanhas mais caras do Estado (R$
444,5 mil, na época).
Dois anos depois, rompeu
com Quércia -que apoiou a
candidatura de João Leiva a
prefeito de São Paulo- e conseguiu derrotar o nome indicado
pelo ex-governador na convenção do PMDB. Isolado, terminou a eleição em quinto lugar.
Em 1998, já no PSB, foi candidato a vice-governador de São
Paulo na chapa de Francisco
Rossi (PDT), mas a dupla ficou
em quarto lugar na eleição.
Em 1999, filiou-se ao PV. No
ano seguinte, ocupou por oito
dias a Secretaria Municipal da
Saúde de São Paulo, na curta
gestão de Regis de Oliveira
(PMN), que assumira em lugar
do prefeito Celso Pitta (PPB).
Regressou ao PMDB em
2001, a convite de Quércia, e foi
eleito deputado federal no ano
seguinte. Mas voltou a deixar o
partido em 2003, filiando-se ao
DEM. Em 2005, na gestão José
Serra (PSDB) na Prefeitura de
São Paulo, assumiu a Secretaria
Municipal de Educação.
Com Serra no governo do Estado, Pinotti foi nomeado secretário estadual do Ensino Superior, mas deixou o cargo em
agosto, desgastado por críticas,
especialmente após a ocupação
da reitoria da USP por alunos.
Apesar dos reveses na vida
pública, segundo amigos próximos, o momento mais difícil da
vida de Pinotti foi a perda de
uma filha, num acidente de carro, durante os anos 90.
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