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PRECATÓRIOS
Presidente defende aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal e diz que governo não é "prisioneiro" de acordos
FHC critica emissão irregular de títulos
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso atacou ontem os governos estaduais e municipais que
fizeram emissão irregular de títulos para pagamento de precatórios, menos de 24 horas depois de o
Senado aprovar, com apoio do governo, a federalização da dívida da
Prefeitura de São Paulo.
"Aprovaremos a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é fundamental para que não haja esses precatórios, esses endividamentos sem
fim, que, no passado, alguns Estados e algumas prefeituras fizeram
e que terminam sempre por serem
pagos pelo Tesouro Nacional, ou
seja, pelo povo, pelo contribuinte",
disse FHC, durante cerimônia no
Palácio do Planalto que comemorou o quinto ano do Plano Real.
A lei mencionada está sendo examinada pelo Congresso e prevê regras para equilibrar as contas de
União, Estados e municípios. O
governo não precisaria dela, porém, para se negar a assumir títulos paulistanos irregulares no valor
de R$ 6 bilhões.
O presidente fez a declaração
quando discursava sobre a necessidade da votação das reformas no
Congresso. Ele disse que o governo
não vai ser "prisioneiro" de acordos para aprovar as propostas.
"Nada disso (a aprovação das reformas pelo Congresso) será feito
com a idéia de que o governo é prisioneiro de alguma decisão que dependa de acordos aqui ou ali. O governo não se sente prisioneiro de
nada, a não ser do interesse popular, a não ser do interesse nacional", afirmou FHC.
O presidente citou como prioritárias as reformas tributária, judiciária, política e previdenciária.
"O Brasil tem sede de realizações.
E realização não se faz com palavras, mas com ação", disse.
O governador de Santa Catarina,
Esperidião Amin (PPB), se reuniu
ontem com o ministro Pedro Malan (Fazenda) para discutir detalhes da federalização da dívida de
R$ 670 milhões do Estado com o
instituto de previdência dos servidores catarinenses.
O valor será incluído no acordo
de renegociação de dívidas que
Santa Catarina assinou com a
União no ano passado.
Amin terá de assinar um contrato aditivo -que só será oficializado depois de passar pela análise do
Senado.
A federalização da dívida com o
Ipesc (Instituto de Previdência do
Estado de Santa Catarina) foi autorizada pelo Senado em 98, mas o
Ministério da Fazenda, na época,
se recusou a incluir o débito no
acordo de renegociação, alegando
impedimentos técnicos.
Articulações
O novo acordo só saiu graças a
articulações políticas de Amin e do
presidente do PFL, senador Jorge
Bornhausen (SC). Há duas semanas, eles acertaram a federalização
em uma reunião com o presidente
Fernando Henrique Cardoso e integrantes da equipe econômica, no
Palácio da Alvorada.
O acordo foi fechado pouco depois que o Senado vetou a federalização de cerca de R$ 560 milhões
em títulos irregulares de Santa Catarina que, apesar de emitidos, não
haviam chegado ao mercado.
O contrato aditivo deve enfrentar resistências no Senado, principalmente do PMDB e dos partidos
de oposição.
"Se isso sair, no dia seguinte estarei pedindo o mesmo tratamento
para Sergipe", disse o senador José
Eduardo Dutra (PT-SE).
O prefeito do Rio, Luiz Paulo
Conde (PFL), esteve ontem no Ministério da Fazenda para assinar a
federalização de R$ 2,65 bilhões
em títulos. O município está refinanciando a dívida com prazo de
30 anos.
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