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Situação econômica em 98 era pior,
diz economista do PT a investidores
ANDRÉ SOLIANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
As condições da economia brasileira estão hoje melhores do que
as de 98, quando o Brasil foi contagiado pela crise russa, afirma
um dos principais economistas
do PT, Guido Mantega: "Os indicadores econômicos atuais são
mais favoráveis que no passado."
Essa foi a principal mensagem
que Mantega tentou passar para
um grupo de grandes investidores
com o qual se reuniu em Londres
e Frankfurt nos dois últimos dias.
O economista do PT tentou convencê-los de que a reação do mercado no Brasil é exagerada.
O primeiro argumento de Mantega diz respeito ao tipo de câmbio. Em 98, o câmbio ainda era
controlado pelo governo. Foi em
janeiro de 99, no início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que o Banco Central
passou a deixar o preço do dólar
ser determinado pelo mercado.
Segundo ele, quando é o mercado que determina o preço da
moeda estrangeira, o país não
precisa queimar suas reservas internacionais para sustentar a cotação. Ao economizar reservas, o
BC também pode evitar um aumento nos juros para atrair mais
capital estrangeiro. Mantega disse
à Folha que nenhum dos investidores com quem conversou espera um alta de juros, que diminuiria mais o ritmo do crescimento
econômico nos próximos meses.
Mas não é só o tipo de câmbio
que faz Mantega ter expectativas
otimistas. Segundo ele, o país
também está em situação melhor
com relação a suas contas externas. Outro dado para o qual chama a atenção é o déficit publico.
Em 98, o déficit foi de cerca de
11% do PIB. Esse ano, Mantega espera que fique em torno de 8%.
Alguns dos investidores com
quem Mantega se encontrou, no
entanto, querem que o país faça
um esforço fiscal ainda maior. O
governo tem como meta um superávit primário (sem o pagamento de juros) de 3,75% do PIB.
"Alguns gostariam que o superávit primário estivesse entre 5% e
6% do PIB", disse Mantega, que
voltou ontem ao Brasil. Ele não
revelou o nome dos investidores
com quem se reuniu a pedido das
instituições financeiras.
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