São Paulo, sexta-feira, 02 de agosto de 2002

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Situação econômica em 98 era pior, diz economista do PT a investidores

ANDRÉ SOLIANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

As condições da economia brasileira estão hoje melhores do que as de 98, quando o Brasil foi contagiado pela crise russa, afirma um dos principais economistas do PT, Guido Mantega: "Os indicadores econômicos atuais são mais favoráveis que no passado."
Essa foi a principal mensagem que Mantega tentou passar para um grupo de grandes investidores com o qual se reuniu em Londres e Frankfurt nos dois últimos dias. O economista do PT tentou convencê-los de que a reação do mercado no Brasil é exagerada.
O primeiro argumento de Mantega diz respeito ao tipo de câmbio. Em 98, o câmbio ainda era controlado pelo governo. Foi em janeiro de 99, no início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que o Banco Central passou a deixar o preço do dólar ser determinado pelo mercado.
Segundo ele, quando é o mercado que determina o preço da moeda estrangeira, o país não precisa queimar suas reservas internacionais para sustentar a cotação. Ao economizar reservas, o BC também pode evitar um aumento nos juros para atrair mais capital estrangeiro. Mantega disse à Folha que nenhum dos investidores com quem conversou espera um alta de juros, que diminuiria mais o ritmo do crescimento econômico nos próximos meses.
Mas não é só o tipo de câmbio que faz Mantega ter expectativas otimistas. Segundo ele, o país também está em situação melhor com relação a suas contas externas. Outro dado para o qual chama a atenção é o déficit publico. Em 98, o déficit foi de cerca de 11% do PIB. Esse ano, Mantega espera que fique em torno de 8%.
Alguns dos investidores com quem Mantega se encontrou, no entanto, querem que o país faça um esforço fiscal ainda maior. O governo tem como meta um superávit primário (sem o pagamento de juros) de 3,75% do PIB.
"Alguns gostariam que o superávit primário estivesse entre 5% e 6% do PIB", disse Mantega, que voltou ontem ao Brasil. Ele não revelou o nome dos investidores com quem se reuniu a pedido das instituições financeiras.



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