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Governo contratou 38 doadoras
DA REPORTAGEM LOCAL
A íntima relação doador/fornecedor está longe de ser uma exclusividade das disputas municipais.
Cruzamento dos dados da Justiça
Eleitoral com o Sigeo (Sistema de
Informação Gerencial de Execução Orçamentária), do governo
de São Paulo, mostra que 38 das
131 empresas que contribuíram
com a campanha de Geraldo
Alckmin (PSDB) nas eleições de
2002 são fornecedores do Estado.
Segundo o levantamento, entre
2001 (ano em que Alckmin assumiu o governo após a morte de
Mário Covas) e a última quinta-feira, essas empresas foram contempladas com R$ 564,8 milhões
em contratos com o governo de
São Paulo. Juntas, doaram R$ 4,5
milhões à campanha de Alckmin.
Os valores poderiam ser maiores. No ano passado, a Companhia do Metropolitano de São
Paulo (Metrô) assinou contratos
com o consórcio Via Amarela para a construção, a R$ 1,7 bilhão,
dos lotes 1 e 2 da linha 4 do metrô
de São Paulo. Três empresas que
doaram recursos para a campanha de Alckmin -CPBO Engenharia, construtora OAS e Alstom- formam o consórcio vencedor da licitação.
Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, a
OAS foi a quarta maior colaboradora da campanha de Alckmin,
com R$ 510 mil. A CBPO foi a 28ª,
com R$ 125 mil. A ajuda da Alstom foi mais modesta: R$ 1.000.
Outro consórcio, integrado por
duas empresas que contribuíram
para a campanha de Alckmin,
construirá o pátio de manutenção
dos trens. As obras consumirão
R$ 3,1 bilhões, saídos dos cofres
do governo paulista e de agentes
internacionais de financiamento.
Os números não estão no Sigeo
porque a Companhia Metropolitana é considerada empresa de
administração indireta do Estado.
Como o sistemas de execução
orçamentária do governo de São
Paulo se restringe à administração direta, estão excluídos do levantamento não só os contratos
assinados pelo Metrô, mas também pela CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e
Urbano), pela Sabesp e pela EPTE
(Empresa Paulista de Transmissão de Energia), por exemplo.
O mesmo vale para a Prefeitura
de São Paulo. Como o SEO (Sistema de Execução Orçamentária)
limita-se à administração direta,
não estão no levantamento da
Folha os contratos, por exemplo,
da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização).
Uma das doadoras da campanha de Marta Suplicy (PT) à prefeitura paulistana em 2000, com
R$ 251.054, a Braslinea Sinalizações tem um contrato com a CET,
mas nada dele é lançado no sistema de execução orçamentária.
Segundo o diretor comercial da
empresa, Reginaldo Atra, foi tomada a decisão de apostar na
campanha de Marta porque a hoje prefeita "falou que investiria em
sinalização". "Isso nos interessou
muito." O investimento no setor,
porém, ficou aquém do esperado
e, segundo Atra, a empresa ainda
não recebeu pelos serviços.
(CS)
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