São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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Governo contratou 38 doadoras

DA REPORTAGEM LOCAL

A íntima relação doador/fornecedor está longe de ser uma exclusividade das disputas municipais. Cruzamento dos dados da Justiça Eleitoral com o Sigeo (Sistema de Informação Gerencial de Execução Orçamentária), do governo de São Paulo, mostra que 38 das 131 empresas que contribuíram com a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições de 2002 são fornecedores do Estado.
Segundo o levantamento, entre 2001 (ano em que Alckmin assumiu o governo após a morte de Mário Covas) e a última quinta-feira, essas empresas foram contempladas com R$ 564,8 milhões em contratos com o governo de São Paulo. Juntas, doaram R$ 4,5 milhões à campanha de Alckmin.
Os valores poderiam ser maiores. No ano passado, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) assinou contratos com o consórcio Via Amarela para a construção, a R$ 1,7 bilhão, dos lotes 1 e 2 da linha 4 do metrô de São Paulo. Três empresas que doaram recursos para a campanha de Alckmin -CPBO Engenharia, construtora OAS e Alstom- formam o consórcio vencedor da licitação.
Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, a OAS foi a quarta maior colaboradora da campanha de Alckmin, com R$ 510 mil. A CBPO foi a 28ª, com R$ 125 mil. A ajuda da Alstom foi mais modesta: R$ 1.000.
Outro consórcio, integrado por duas empresas que contribuíram para a campanha de Alckmin, construirá o pátio de manutenção dos trens. As obras consumirão R$ 3,1 bilhões, saídos dos cofres do governo paulista e de agentes internacionais de financiamento.
Os números não estão no Sigeo porque a Companhia Metropolitana é considerada empresa de administração indireta do Estado.
Como o sistemas de execução orçamentária do governo de São Paulo se restringe à administração direta, estão excluídos do levantamento não só os contratos assinados pelo Metrô, mas também pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), pela Sabesp e pela EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia), por exemplo.
O mesmo vale para a Prefeitura de São Paulo. Como o SEO (Sistema de Execução Orçamentária) limita-se à administração direta, não estão no levantamento da Folha os contratos, por exemplo, da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização).
Uma das doadoras da campanha de Marta Suplicy (PT) à prefeitura paulistana em 2000, com R$ 251.054, a Braslinea Sinalizações tem um contrato com a CET, mas nada dele é lançado no sistema de execução orçamentária.
Segundo o diretor comercial da empresa, Reginaldo Atra, foi tomada a decisão de apostar na campanha de Marta porque a hoje prefeita "falou que investiria em sinalização". "Isso nos interessou muito." O investimento no setor, porém, ficou aquém do esperado e, segundo Atra, a empresa ainda não recebeu pelos serviços. (CS)

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