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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO
Publicitário refaz proposta de colaborar com apuração para receber benefício legal; Folha apurou que empresário promete "entregar" cinco petistas
Valério diz ter "fatos novos" e tenta acordo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O publicitário Marcos Valério
de Souza protocolou ontem ao
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza, por
meio de seus advogados, um documento colocando-se à disposição para colaborar com a investigação sobre o "mensalão", com a
revelação de novos fatos, em troca
do benefício futuro da redução da
pena, no momento do processo
criminal, ainda inexistente.
Ele também entregou uma lista
com 31 nomes de pessoas que receberam dinheiro de saques feitos
em contas bancárias de suas empresas, com o nome completo, o
valor e a data da retirada do dinheiro. Ele volta a depor hoje às
14h na Procuradoria.
Conforme a Folha apurou,
Marcos Valério prometeu apresentar "fatos novos" como uma
reunião do vice-presidente do
banco BMG, Roberto Rigotto,
com cinco petistas -um deles é
hoje integrante do governo-, à
época da edição da medida provisória 130, que trata de crédito consignado para aposentados.
O BMG teve exclusividade de
crédito consignado durante alguns meses e, conforme Valério
antecipou a assessores, os cinco
petistas que se reuniram com Rigotto depois integraram a lista
dos que sacaram de suas contas.
Dirceu é o alvo
O empresário entregou documentos novos à Procuradoria Geral, entre os quais a lista de sacadores, ratificou a proposta de
acordo de colaboração, chamado
delação premiada, pediu que Antonio Fernando não peça sua prisão preventiva ao STF (Supremo
Tribunal Federal) e solicitou o
desbloqueio do R$ 1,8 milhão de
aplicação financeira da mulher
dele, Renilda de Souza.
O fato de Valério reiterar ao
procurador-geral a proposta de
delação premiada um dia antes
do primeiro depoimento público
do deputado e ex-chefe da Casa
Civil José Dirceu (PT-SP) é mais
um sinal de que o empresário pode estar disposto a incriminá-lo.
Hoje, José Dirceu depõe no
Conselho de Ética da Câmara. Ele
vai falar no processo de cassação
do mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das
acusações sobre o suposto "mensalão", por quebra de decoro parlamentar. Quando depôs na CPI,
na semana passada, Renilda acusou o ex-ministro de saber dos
empréstimos de empresas de que
o marido é sócio para o PT.
No último fim de semana, a
SMPB Comunicação disse que
Roberto Marques, amigo e assessor de Dirceu em São Paulo, fora
autorizado a fazer um saque de R$
50 mil de uma conta da empresa.
O publicitário sugeriu o acordo
de colaboração a Souza quando
prestou o primeiro depoimento a
ele, em 14 de julho último. Naquele momento, o procurador-geral
disse que achava precipitado aceitar a colaboração porque a apuração ainda estava no início.
O benefício da delação premiada está previsto em várias leis e
garante ao réu a redução ou até
mesmo a extinção da pena do crime de que é acusado.
No início da tarde de ontem, o
procurador-geral disse que decidiria até o final do dia se acolhia
ou não o pedido do empresário de
prestar outro depoimento.
Antonio Fernando afirmou que
também estava analisando se pedirá ou não ao STF a prisão preventiva e o bloqueio dos bens de
Marcos Valério. Essas duas solicitações foram feitas pela CPI dos
Correios na semana passada.
Colaborou LUIZ FRANCISCO, da
Agência Folha, em Brasília
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