São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE

Declaração foi feita durante encontro com representantes sindicais de aposentados e pensionistas; presidente admitiu abrir seus sigilos

Delúbio enterrou o PT, diz Lula em evento

Alan Marques/Folha Imagem
Presidente Lula durante cerimônia com sindicalistas, no Planalto


EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em audiência ontem à tarde com sindicalistas ligados a aposentados e pensionistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares "enterrou o partido [ao liderar um esquema de caixa dois nas campanhas eleitorais]. Ele fez dívidas em nome do partido sem ter como pagar", disse o presidente, segundo relato à Folha de pessoas presentes.
Durante o evento no Palácio do Planalto, fechado à imprensa, Lula disse que abriria seus sigilos caso as denúncias de corrupção contra o governo federal recaiam sobre ele. "Não tenho dívida no cartório. Não tenho rabo preso com ninguém. Se precisar, se tiver pressão, eu abro minhas contas e meu patrimônio", disse, ainda segundo os relatos. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Imprensa da Presidência não comentou as declarações de Lula relatadas pelos sindicalistas.
A audiência durou cerca de uma hora e reuniu 20 sindicalistas ligados ao Sindicato Nacional dos Aposentados, além dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Nelson Machado (Previdência).

Reeleição
No encontro, em seu gabinete, Lula voltou a dizer que ainda não decidiu sobre seu futuro político, ou seja, se será ou não candidato à reeleição no ano que vem. E rechaçou a existência de corrupção em seu governo.
Ao tratar de reeleição, o presidente aproveitou para atacar seu antecessor Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que recentemente sugeriu que, diante da atual turbulência política, Lula deveria desistir de sua candidatura a mais um mandato no ano que vem. Para Lula, FHC fez uma sugestão "equivocada".
Ontem, a sindicalistas ligados à Força Sindical, Lula afirmou que somente irá concorrer caso tenha certeza que um segundo mandato seria melhor do que o primeiro. E citou o caso de FHC, que, segundo ele, teve uma primeira gestão melhor do que a segunda.
Sobre isso, ainda afirmou que não pretende negociar sua reeleição com o "capeta", segundo a reportagem apurou com alguns dos presentes ao encontro.
Ontem, aos sindicalistas, assim como fizera no início do mês passado durante entrevista a uma jornalista em Paris, Lula voltou a tratar com naturalidade a existência de um esquema de caixa dois [doações não contabilizadas] nas campanhas eleitorais.
Na França, numa fala semelhante a de Delúbio Soares na Procuradoria Geral da República, Lula insinuou que o caixa dois de campanhas eleitorais petistas ocorre "sistematicamente" no país. Ontem, aos sindicalistas ligados a aposentados e pensionistas, questionou: "Qual é o deputado neste país que não recebe dinheiro para suas campanhas?"

Honra
Ainda ontem, em esvaziado evento de taxistas que reuniu cerca de 200 pessoas, Lula disse no palanque que o "nome" e a "honradez" são as principais garantias de uma pessoa. E demonstrou incerteza sobre o futuro do país e sua candidatura à reeleição no ano que vem.
"Independentemente do que aconteça daqui para frente neste país, de ser candidato ou não, isso não está em jogo. O que é importante é que todos os trabalhadores brasileiros conquistem, neste nosso mandato, o direito de viver com dignidade e decência", afirmou, arrancando aplausos.


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