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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Declaração foi feita durante encontro com representantes sindicais de aposentados e pensionistas; presidente admitiu abrir seus sigilos
Delúbio enterrou o PT, diz Lula em evento
Alan Marques/Folha Imagem
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Presidente Lula durante cerimônia com sindicalistas, no Planalto |
EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em audiência ontem à tarde
com sindicalistas ligados a aposentados e pensionistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse que o ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares "enterrou o partido [ao liderar um esquema de caixa dois nas campanhas eleitorais].
Ele fez dívidas em nome do partido sem ter como pagar", disse o
presidente, segundo relato à Folha de pessoas presentes.
Durante o evento no Palácio do
Planalto, fechado à imprensa, Lula disse que abriria seus sigilos caso as denúncias de corrupção
contra o governo federal recaiam
sobre ele. "Não tenho dívida no
cartório. Não tenho rabo preso
com ninguém. Se precisar, se tiver
pressão, eu abro minhas contas e
meu patrimônio", disse, ainda segundo os relatos. Procurada pela
reportagem, a Secretaria de Imprensa da Presidência não comentou as declarações de Lula relatadas pelos sindicalistas.
A audiência durou cerca de uma
hora e reuniu 20 sindicalistas ligados ao Sindicato Nacional dos
Aposentados, além dos ministros
Luiz Marinho (Trabalho) e Nelson Machado (Previdência).
Reeleição
No encontro, em seu gabinete,
Lula voltou a dizer que ainda não
decidiu sobre seu futuro político,
ou seja, se será ou não candidato à
reeleição no ano que vem. E rechaçou a existência de corrupção
em seu governo.
Ao tratar de reeleição, o presidente aproveitou para atacar seu
antecessor Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002), que recentemente sugeriu que, diante da
atual turbulência política, Lula
deveria desistir de sua candidatura a mais um mandato no ano que
vem. Para Lula, FHC fez uma sugestão "equivocada".
Ontem, a sindicalistas ligados à
Força Sindical, Lula afirmou que
somente irá concorrer caso tenha
certeza que um segundo mandato
seria melhor do que o primeiro. E
citou o caso de FHC, que, segundo ele, teve uma primeira gestão
melhor do que a segunda.
Sobre isso, ainda afirmou que
não pretende negociar sua reeleição com o "capeta", segundo a reportagem apurou com alguns dos
presentes ao encontro.
Ontem, aos sindicalistas, assim
como fizera no início do mês passado durante entrevista a uma
jornalista em Paris, Lula voltou a
tratar com naturalidade a existência de um esquema de caixa dois
[doações não contabilizadas] nas
campanhas eleitorais.
Na França, numa fala semelhante a de Delúbio Soares na
Procuradoria Geral da República,
Lula insinuou que o caixa dois de
campanhas eleitorais petistas
ocorre "sistematicamente" no
país. Ontem, aos sindicalistas ligados a aposentados e pensionistas, questionou: "Qual é o deputado neste país que não recebe dinheiro para suas campanhas?"
Honra
Ainda ontem, em esvaziado
evento de taxistas que reuniu cerca de 200 pessoas, Lula disse no
palanque que o "nome" e a
"honradez" são as principais garantias de uma pessoa. E demonstrou incerteza sobre o futuro do
país e sua candidatura à reeleição
no ano que vem.
"Independentemente do que
aconteça daqui para frente neste
país, de ser candidato ou não, isso
não está em jogo. O que é importante é que todos os trabalhadores
brasileiros conquistem, neste
nosso mandato, o direito de viver
com dignidade e decência", afirmou, arrancando aplausos.
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