São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2006

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PAINEL

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

Memória seletiva

Até agora tratados como verdade absoluta, os depoimentos de Darci e Luiz Antonio Vedoin começam a ser colocados em dúvida pela cúpula da CPI dos Sanguessugas. O cruzamento de informações levou a comissão a concluir que os donos da Planam, beneficiados pela delação premiada, pouparam parlamentares contra os quais há claras evidências. Ao mesmo tempo, carregaram nas tintas contra nomes que não aparecem em outros braços da investigação.
A CPI suspeita que os Vedoin tenham feito acordo com alguns deputados e implicado gente que não aceitou participar da quadrilha. Por isso, cresceu o bloco dos que defendem a importância do novo depoimento de Luiz Antonio, marcado para hoje na PF.

Freio. A oposição baixou o tom na CPI. Antes defensora de apuração imediata do braço do esquema no Executivo, quer agora ouvir ex-ministros da Saúde só depois do dia 10.

Por partes. Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ) defendem que o relatório parcial da CPI centre fogo nos nomes já notificados, deixando para depois quem for surgindo a partir de novos depoimentos.

Rebelião. Parlamentares que não integram sub-relatorias ameaçam votar contra o relatório parcial da comissão. Alegam não ter acesso a todas as informações da apuração.

Bate-cabeça. Sub-relator de sistematização, Carlos Sampaio (PSDB-SP) se queixa da Polícia Federal. Segundo ele, a instituição prometeu enviar cerca de 50 depoimentos de assessores parlamentares, mas, agora, afirma que o material não está disponível.

Geral. Dos 15 parlamentares da bancada da Paraíba, 13, entre senadores e deputados, figuram na lista de acusados da máfia dos sanguessugas.

Vale de lágrimas. A sala do Congresso onde a CPI guarda documentação das fraudes nas ambulâncias foi tomada ontem pelos parlamentares sanguessugas. Havia fila de acusados, às vezes se acotovelando, para checar o que pesa contra eles. "Essa CPI virou o muro das lamentações", reclamava um ponta-de-lança da comissão.

W.O. O representante da campanha de Lula não apareceu ontem na reunião de negociação de regras para o debate da Rede Record.

Em alta. Jader Barbalho (PMDB-PA), que chegou a pleitear lugar na coordenação de campanha de Lula e foi desencorajado pelos correligionários Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), participou na segunda, juntamente com o ex-presidente, de reunião do comando reeleitoral.

Genérico. Quem espera propostas objetivas, com destinação de recursos e prazo de execução, vai se decepcionar com o programa "O Novo Nordeste", que Geraldo Alckmin apresenta sexta em Recife. O documento tucano elenca grandes temas regionais, sem mencionar obras nem Estados específicos.

Wally. Material de campanha dos irmãos Tatto -Jilmar, que tenta vaga na Câmara, e Ênio, líder do PT na Assembléia- traz foto de ambos com a ex-prefeita Marta Suplicy e slogan com referência a Lula. A única menção a Aloizio Mercadante, candidato ao governo, é feita no pé do folheto, em letra bem miúda.

Peso-pesado. O jornal da campanha de Antonio Palocci (PT) a deputado, que sai na semana que vem, trará texto de Abílio Diniz, dono do grupo Pão de Açúcar, manifestando apoio ao ex-ministro.

Onipresente. Candidato ao governo do Maranhão, Anderson Lago (PSDB) pediu à Justiça que cubra o nome do Tribunal de Contas. O edifício, situado em uma movimentada avenida de São Luís, chama-se Roseana Sarney. A pefelista lidera a disputa.

Tiroteio

Estou me sentindo no hemocentro. Acabaram de passar três sanguessugas.


Comentário feito pelo deputado federal MOREIRA FRANCO (PMDB-RJ) a um amigo, na tarde de ontem, no Salão Verde da Câmara.

Contraponto

Surto lírico

Em recente visita a Montes Claros, Geraldo Alckmin fez de tudo para colar sua imagem à de Aécio Neves, já que o desempenho do presidenciável nas pesquisas em Minas está muito aquém da popularidade do governador. Ao discursar, surpreendeu a todos pelo arroubo poético:
-Nossa caravela parte cheia de sonhos, as velas cheias de esperança!- disse Alckmin, despertando alguma estranheza nos assessores, habituados a seu estilo "prático".
Não satisfeito, arrematou a frase de uma maneira que deixou até o anfitrião ruborizado:
-E, lá no alto da gávea, o capitão Aécio há de bradar no dia da eleição: alvíssaras, Brasil! Alvíssaras, Minas Gerais!


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