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Justiça manda BNB devolver R$ 1 milhão aos Sarney
Gráfica do grupo Mirante alega cobrança excessiva de juro e abuso em empréstimos
Juiz já havia anulado dívida de R$ 6 mi da TV do grupo com o banco; advogado diz que a medida é apenas uma "busca de direitos" normal
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Gráfica Escolar, empresa
do Grupo Mirante de Comunicação, pertencente à família
Sarney, conseguiu na Justiça
do Maranhão o direito de receber R$ 1 milhão do banco estatal BNB (Banco do Nordeste do
Brasil) como ressarcimento pela cobrança de "juros excessivos" e "cláusulas abusivas" em
quatro contratos de empréstimo firmados nos anos 1990.
Em valores corrigidos, as
operações somavam R$ 2,4 milhões -a maior parte (66%)
vinda de recursos públicos do
FNE (Fundo Constitucional de
Financiamento do Nordeste).
Editora de "O Estado do Maranhão", um dos principais jornais do Estado, a gráfica moveu
em 2002 uma ação na qual afirmava "inexistir financiamento
ou débito de qualquer origem"
e pedia a devolução de "todos
os ganhos financeiros" que o
banco obteve "à custa do dinheiro alheio" com a operação.
Dizia ainda que uma auditoria havia descoberto na verdade
um saldo credor a seu favor, estimado em R$ 1,1 milhão e atribuído a "sistemáticos abusos"
por parte do banco.
Uma sentença favorável foi
concedida em dezembro último pelo juiz Luiz Gonzaga Almeida Filho, da 8ª Vara Cível de
São Luís. O magistrado é o mesmo que mandou anular dívida
de R$ 6,4 milhões da TV Mirante com o BNB, referente a empréstimo de dinheiro público
do FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador), vinculado ao Ministério do Trabalho.
Em ambos os casos, a empresa alegou a inexistência e mesmo a nulidade dos débitos. E,
em todas as operações, a afirmação contradiz os contratos
registrados em cartório.
O advogado da Grupo Mirante, Marcello Itapary, qualificou
a medida judicial tomada pela
gráfica como uma "busca de direitos". A Folha tentou ouvir o
juiz Luiz Gonzaga Almeida Filho, mas ele não quis falar.
A ação ainda tramita em fase
de recursos na primeira instância da Justiça do Maranhão.
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