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DISCURSO
Presidente faz apelo para que bispos e sem-terra não transformem o Dia da Independência em 'data de desunião'
Solução social não sairá da 'batina', diz FHC
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu ontem às críticas que tem recebido de bispos católicos e de líderes dos sem-terra.
Referindo-se à igreja, FHC disse
que, para os problemas sociais, a
solução não pode ser tirada da
"batina" num passe de mágica.
Antes de conceder uma entrevista coletiva, no Palácio do Planalto,
FHC fez um discurso otimista sobre a situação do país e dos investimentos na área social e pediu,
mais uma vez, que o Congresso
aprove as reformas.
"Perdem tempo os que pensam
tirar da cartola ou da batina ou do
boné a solução social, porque a solução social não é mágica, depende
de um compromisso efetivo de vida, de consciência de trabalho",
afirmou FHC ao criticar os bispos
que anunciaram, na semana passada, a organização, junto com os
sem-terra, de um protesto contra o
governo no dia 7 de setembro.
FHC fez um apelo para que o Dia
da Independência não vire uma
"data de desunião".
A entrevista e o balanço da economia foram para comemorar os
três anos e meio do lançamento da
URV (Unidade Real de Valor), indexador que se converteu no real.
Para o presidente, é preciso "desideologizar" a reforma agrária,
que não deve ser usada como uma
"bandeira" contra seu governo.
"Tem tanta bandeira contra
FHC. Por que pegar essa (a da reforma agrária), que atrapalha o
povo, se FHC está de acordo em
fazer essas transformações?"
Ele citou a visita que fez ao assentamento Nova Itália, em Buritis
(MG), no sábado. Afirmou que seu
governo cumprirá a meta de assentar 80 mil famílias em 97.
FHC voltou a cobrar do Congresso a aprovação das reformas,
que, segundo ele, têm o apoio da
população. "Os que, por razões
eleitoreiras, têm medo de fazer as
reformas vão se arrepender, porque o resultado não será, eleitoralmente, da forma como eles imaginam", afirmou.
O presidente citou a realização
do "Brasil em Ação", programa
de obras prioritárias do governo.
"Vocês (jornalistas) podem continuar escrevendo que é o carro-chefe da campanha eleitoral.
Ótimo. Se eu vier a ser candidato,
terei que dizer: 'É, realmente, a
minha campanha é pelo Brasil'."
Para ele, o otimismo deve "infundir-se" na população. Afirmou
que há quedas no índice de desemprego e que a Fipe deve registrar
inflação negativa em agosto.
"Somente a título de entusiasmar, eu até podia dizer que a cesta
básica no Brasil tem uma estabilidade igual à do franco suíço. A cesta básica é mais estável que a moeda", afirmou o presidente.
FHC se disse um "social-ista", o
que olha para o social. "Mas isso
não pode ser feito à moda antiga,
como se fosse possível, por apertar
um botão, as coisas acontecerem."
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