São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2001

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DATAFOLHA

Maioria acredita que dinheiro provém de desvio de verbas públicas

Maluf tem conta em Jersey, dizem 73% dos paulistanos

DA REDAÇÃO

Pesquisa Datafolha realizada anteontem no município de São Paulo revela que 73% dos paulistanos acreditam que o ex-prefeito da cidade Paulo Maluf possui uma conta na ilha de Jersey (paraíso fiscal no canal da Mancha).
Porém o impacto eleitoral desse fato é relativamente pequeno: em um dos cenários da eleição para governador em 2002, Maluf caiu quatro pontos (de 22% para 18%); em outro, oscilou negativamente dois pontos (de 22% para 20%). A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
O Datafolha ouviu 1.069 pessoas acima de 16 anos no município de São Paulo. De acordo com o levantamento, só 12% dos entrevistados acham que Maluf não possui nenhuma conta na ilha de Jersey; 16% não souberam opinar.
Para 74% dos entrevistados, o dinheiro depositado em Jersey (US$ 200 milhões, segundo apurou a Folha) provém do desvio de verbas públicas. Na opinião de 12%, o dinheiro é proveniente de negócios e empreendimentos pessoais do ex-prefeito de São Paulo. Para 1%, o dinheiro tem duas origens (desvio de verbas públicas e negócios pessoais).
A maior parte do eleitorado tomou conhecimento do caso: 29% se consideram bem informados, 41% afirmam estar mais ou menos informados, e 11%, mal informados. Ao todo, 82% dizem ter tomado conhecimento das acusações, contra 18% que as ignoram.
Embora a existência da conta seja contestada por apenas 12% dos entrevistados, praticamente um quarto dos paulistanos (24%) afirma que Paulo Maluf está sendo vítima de perseguição política. Desses, 55% votaram no pepebista no segundo turno da eleição municipal do ano passado.
Essa proporção constitui o eleitorado tradicional do ex-prefeito. Questionados sobre suas intenções de voto, exatamente 24% disseram que votariam com certeza em Maluf para prefeito, e outros 13% afirmaram que talvez votassem nele.
Essas taxas quase não mudam se a eleição fosse para governador (23% votariam em Maluf com certeza, e 14% talvez votassem nele) e caem um pouco caso o pepebista disputasse a Presidência (18% votariam nele com certeza, e 13% talvez o escolhessem).
Os números da pesquisa não estão distantes das votações obtidas pelo ex-prefeito no ano passado. Na eleição municipal de 2000, o pepebista teve 17,4% dos votos válidos (excluídos os nulos e os brancos) no primeiro turno. No segundo turno, alcançou 41,5%.
A pesquisa indica que 41% afirmam que já votaram em Maluf, e 1% dos eleitores votam nele em todos os pleitos. Outros 6% não sabem ou não lembram de terem votado no ex-prefeito. Mais da metade do eleitorado (52%) diz nunca ter votado no pepebista.
Apesar disso, o eleitorado potencial de Maluf diminuiu um pouco em relação ao final do ano passado -antes da divulgação de que o ex-prefeito tem dinheiro depositado em Jersey (em 10 de junho deste ano). Em 8 de novembro de 2000, 30% dos paulistanos diziam que com certeza votariam em Maluf para prefeito; essa taxa caiu agora para 24%. Numa eleição para governador, essa proporção caiu de 30% para 23% e, numa eleição para presidente, diminuiu de 23% para 18%.


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