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INVESTIGAÇÃO
Operação foi feita por subsidiária do banco nas Ilhas Cayman
Citibank abriu empresa de
Maluf em paraíso do Caribe
ROBERTO COSSO
ENVIADO ESPECIAL A CAYMAN
A subsidiária do grupo Citibank
em Cayman, chamada Cititrust
Limited, foi responsável pela
abertura da empresa Red Ruby
Limited, pertencente ao ex-prefeito paulistano Paulo Maluf.
De acordo com informações
fornecidas à Folha pelo Registro
de Companhias de Cayman, uma
espécie de Junta Comercial do paraíso fiscal caribenho, a Red Ruby
Ltd. é uma empresa de não-residente na ilha, registrada em 21 de
junho de 1985 e encerrada em 2 de
julho de 1997.
Segundo o governo da Suíça,
Maluf abriu, em julho de 1985,
uma conta no Citibank daquele
país e, em janeiro de 1997, a transferiu para o mesmo banco em Jersey, no canal da Mancha.
No ofício que encaminhou ao
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras, órgão ligado ao Ministério da Fazenda), o
governo suíço diz que a conta foi
aberta originalmente em nome da
empresa Blue Diamond Ltd.,
constituída em Cayman, e que,
mais tarde, ela mudou de nome
para Red Ruby Ltd..
Contudo os suíços inverteram a
ordem das empresas. A data de
registro da Red Ruby Ltd. coincide com a data da abertura da conta de Maluf na Suíça e o fechamento oficial da empresa em Cayman ocorreu sete meses após o
encerramento da conta na Suíça
-e sua transferência para Jersey.
Segundo o Registro de Companhias de Cayman, a Blue Diamond Ltd. foi aberta em 18 de fevereiro de 1998 e segue ativa. Seu
agente é Admiral Administration.
As operações financeiras de
Maluf no exterior foram descobertas porque, seguindo a legislação internacional de combate à lavagem de dinheiro, o Citibank informou aos governos da Suíça e
de Jersey que ele é o beneficiário
do dinheiro das contas.
Em 10 de junho, a Folha divulgou a existência de recursos em
nome do ex-prefeito no exterior.
As autoridades de Jersey haviam
bloqueado cerca de US$ 200 milhões pertencentes a Maluf e a seis
familiares dele. Maluf nega depósitos em Jersey e na Suíça, diz que
nunca teve ações de empresas em
qualquer paraíso fiscal.
A Folha apurou que o Citibank
oferece a seus clientes especiais a
possibilidade de abrir empresas
em paraísos fiscais, como Cayman. Na ilha, o serviço é prestado
pelo Cititrust Limited.
A lei de Cayman permite a abertura de empresas com ações ao
portador, sem registrar o nome de
seus donos. São as off shore (além
da maré), autorizadas a funcionar
em qualquer lugar do mundo,
mas proibidas de exercer atividades em Cayman. Por isso a ilha é
acusada de auxiliar em operações
internacionais de lavagem de dinheiro pelo Gafi (Grupo de Ação
Financeira Internacional, principal organismo internacional de
combate à lavagem de dinheiro).
Para abrir uma empresa em
Cayman basta registrar o seu contrato social no Register of Companies (Registro de Companhias),
um órgão ligado ao Cayman Islands Monetary Authority (o Ministério da Fazenda da ilha).
O contrato social diz quais são
as atividades que a empresa pode
desenvolver fora de Cayman. A
realização de aplicações financeiras sempre está presente entre os
objetivos dessas empresas.
A companhia off shore rarissimamente tem sede física em Cayman e seu dono é a pessoa que detém as ações ao portador. A única
informação que as autoridades de
Cayman mantêm nos arquivos
sobre as off shore é o nome do
agente que a representa. É ele que
assina o pedido de abertura da
companhia e que deve fornecer as
informações sobre a empresa. O
agente -ou qualquer pessoa por
ele designada- pode abrir uma
conta ou fazer aplicações em
qualquer lugar do mundo.
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