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Furtado critica ênfase
fiscalista da reforma
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Celso Furtado,
83, afirmou ontem que o foco do
debate sobre a reforma tributária
está errado. Segundo ele, a discussão ignora a incidência de impostos sobre a população de baixa
renda, concentrando-se na "redução" das taxas.
"O Brasil tem a carga tributária
mais mal distribuída do mundo.
O imposto pago pelo povo é muitas vezes maior que o pago pelo rico", afirmou, durante o primeiro
dia do ciclo de seminários Brasil
em Desenvolvimento, promovido
pelo Instituto de Economia da
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro).
Autor do clássico "Formação
Econômica do Brasil" e fundador,
em 1959, da Sudene (Superintendência para Desenvolvimento do
Nordeste), o economista lembrou
que, no Brasil, os impostos incidem sobre o consumo e que esse
sistema prejudica principalmente
a camada da população de renda
mais baixa, cujos ganhos são integralmente voltados para a compra de produtos de primeira necessidade, como alimentação.
"Você teria de mudar o perfil da
carga tributária, de tal forma que
os que ganham muito e que têm
altos gastos de consumo pagassem muito mais impostos, como
ocorre na Europa."
Segundo Furtado, a carga tributária no Brasil, em torno de 36%
do PIB, é inferior à francesa (em
torno de 40% do PIB) e à sueca
(50% do PIB).
O economista, que fez um discurso em defesa da desconcentração de renda e de políticas sociais,
elogiou o MST.
(JULIANA RANGEL)
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