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Dirceu cobra provas, diz que "não tem medo" e reafirma ação no STF
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro José Dirceu (PT-SP) disse ontem, depois que o
pré-relatório conjunto das CPIs
dos Correios e do Mensalão foi
aprovado por unanimidade, que
não tem medo da cassação. "Não
tenho medo, minha vida é uma
vida de quem não tem medo".
Dirceu disse confiar no julgamento de seus pares na Câmara e
voltou a desqualificar as acusações de Roberto Jefferson (PTB-RJ), que serviram de base para a
inclusão de seu nome no pré-relatório que sugere processo de cassação contra 18 parlamentares.
"Não há provas, nenhum fato
que possa ser caracterizado como
ilícito ou improbidade administrativa na minha gestão na Casa
Civil ou como deputado", afirmou o deputado, que voltou a repetir que poderá entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) para
questionar a ação movida contra
ele na Câmara. "Eu era ministro
de Estado, não era deputado, não
posso ser cassado por quebra de
decoro", defende-se.
Dirceu também defendeu-se
das acusações de que seria responsável por desvios de recursos
em benefício de partidos políticos. O relatório faz alusão a nomeações para empresas estatais e
as declarações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que
ele levantava recursos nas estatais.
"Primeiro, se ele levantava recursos, os responsáveis são os diretores, os administradores, e não
quem os nomeou, que foi o presidente dos Correios ou do IRB ou o
ministro. Não foi eu quem o nomeou.", disse o ex-ministro.
"Mesmo que tivesse sido eu como
ministro, é preciso provar que
houve corrupção. Não posso ser
acusado de ter praticado improbidade administrativa porque alguém dos Correios praticou algum ato de corrupção."
Um dia depois de ter acusado o
relator da CPI dos Correios de
quebra de decoro por "exceder as
prerrogativas" da função, Dirceu
foi mais brando com Osmar Serraglio. "O relator mudou o que
afirmou à imprensa e o que está
escrito no relatório. Ele não está
me acusando de ser o chefe do esquema de arrecadação", disse.
O deputado recebeu um reforço
em sua defesa: Tarso Genro, presidente interino do PT, e Ricardo
Berzoini, secretário-geral e candidato à presidência do partido.
Tarso, apesar de fazer duros ataques à atuação de Dirceu no PT,
disse ser "completamente equivocada" a argumentação apresentada no relatório parcial das CPIs
dos Correios e do Mensalão para
cassá-lo na Câmara.
"Essa fundamentação para cassá-lo é completamente equivocada. Ela não tem nenhum suporte
jurídico", afirmou Tarso.
Na mesma linha, Berzoini, que
substituiu Tarso como candidato
do Campo Majoritário do PT à
presidência do partido, disse que
a inclusão de Dirceu na lista dos
18 cassáveis não obedece a nenhum critério e é "inconsistente".
"O relator deveria estabelecer
um nexo entre a acusação e a prova. Esse relatório é uma opinião.
Se você ouvir pessoas na rua, elas
podem ter opiniões parecidas
com essa. Isso não quer dizer que,
em um processo formal dentro de
uma CPI, possa se configurar a
conclusão a partir de opinião",
afirmou o ex-ministro.
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