São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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Dirceu cobra provas, diz que "não tem medo" e reafirma ação no STF

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL


O ex-ministro José Dirceu (PT-SP) disse ontem, depois que o pré-relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão foi aprovado por unanimidade, que não tem medo da cassação. "Não tenho medo, minha vida é uma vida de quem não tem medo".
Dirceu disse confiar no julgamento de seus pares na Câmara e voltou a desqualificar as acusações de Roberto Jefferson (PTB-RJ), que serviram de base para a inclusão de seu nome no pré-relatório que sugere processo de cassação contra 18 parlamentares.
"Não há provas, nenhum fato que possa ser caracterizado como ilícito ou improbidade administrativa na minha gestão na Casa Civil ou como deputado", afirmou o deputado, que voltou a repetir que poderá entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a ação movida contra ele na Câmara. "Eu era ministro de Estado, não era deputado, não posso ser cassado por quebra de decoro", defende-se.
Dirceu também defendeu-se das acusações de que seria responsável por desvios de recursos em benefício de partidos políticos. O relatório faz alusão a nomeações para empresas estatais e as declarações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que ele levantava recursos nas estatais.
"Primeiro, se ele levantava recursos, os responsáveis são os diretores, os administradores, e não quem os nomeou, que foi o presidente dos Correios ou do IRB ou o ministro. Não foi eu quem o nomeou.", disse o ex-ministro. "Mesmo que tivesse sido eu como ministro, é preciso provar que houve corrupção. Não posso ser acusado de ter praticado improbidade administrativa porque alguém dos Correios praticou algum ato de corrupção."
Um dia depois de ter acusado o relator da CPI dos Correios de quebra de decoro por "exceder as prerrogativas" da função, Dirceu foi mais brando com Osmar Serraglio. "O relator mudou o que afirmou à imprensa e o que está escrito no relatório. Ele não está me acusando de ser o chefe do esquema de arrecadação", disse.
O deputado recebeu um reforço em sua defesa: Tarso Genro, presidente interino do PT, e Ricardo Berzoini, secretário-geral e candidato à presidência do partido.
Tarso, apesar de fazer duros ataques à atuação de Dirceu no PT, disse ser "completamente equivocada" a argumentação apresentada no relatório parcial das CPIs dos Correios e do Mensalão para cassá-lo na Câmara.
"Essa fundamentação para cassá-lo é completamente equivocada. Ela não tem nenhum suporte jurídico", afirmou Tarso.
Na mesma linha, Berzoini, que substituiu Tarso como candidato do Campo Majoritário do PT à presidência do partido, disse que a inclusão de Dirceu na lista dos 18 cassáveis não obedece a nenhum critério e é "inconsistente".
"O relator deveria estabelecer um nexo entre a acusação e a prova. Esse relatório é uma opinião. Se você ouvir pessoas na rua, elas podem ter opiniões parecidas com essa. Isso não quer dizer que, em um processo formal dentro de uma CPI, possa se configurar a conclusão a partir de opinião", afirmou o ex-ministro.


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