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Sessão tumultuada tem discussão e soco na mesa
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A última sessão do Conselho de
Ética para definir o futuro de Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi tumultuada, com direito a soco na
mesa por parte do relator do processo de cassação, deputado Jairo
Carneiro (PFL-BA), e um teatral
abandono da sala pelos advogados do petebista.
No início da sessão, Carneiro
leu uma nota de esclarecimento
rechaçando as acusações feitas
pelos advogados de Jefferson de
que houve cerceamento da defesa, numa atitude "fascista contra
o representado", e vazamento do
conteúdo do relatório. Ele também criticou a defesa, afirmando
se tratar de uma "peça política
com séria fragilidade de ordem
técnica e jurídica".
Na seqüência, os advogados do
petebista, Luiz Francisco Barbosa
e Itapuã de Messias, reagiram.
Barbosa usou uma expressão, segundo ele argentina, para a situação: "Tienes razón, pero vas preso
[Tem razão, mas vai preso]".
O advogado ainda reclamou
que a nota de Carneiro representava um "aditamento formulado
na madrugada". Depois, distribuiu exemplares da Folha aos integrantes do conselho, citando reportagem sobre o relatório parcial
da CPI dos Correios que reconhece a existência do "mensalão", e
exigiu que uma cópia do jornal
fosse anexada ao processo.
A intenção da defesa era desbancar um dos principais pontos
do relatório de Carneiro, que nega
a existência do "mensalão" nos
moldes relatados por Jefferson,
apesar de apontar "a prática de
atos de corrupção por formas e
contornos os mais distintos".
Após uma série de críticas mútuas durante suas falas, a discussão terminou em um duro bate-boca entre Carneiro e Barbosa. O
relator se irritou quando o advogado insinuou que o voto pela
cassação de Jefferson fora divulgado com antecedência. "Eu ainda não votei, estamos na discussão", disse Carneiro. Barbosa retrucou: "Ah, não! Que votou, votou, não há dúvida".
"O senhor está me ofendendo,
me respeite, não sou obrigado a
aceitar desaforo", rebateu Carneiro, dando um soco na mesa.
A sessão foi interrompida pelo
presidente do conselho, mas, ao
ser retomada, os advogados abandonaram a sala quando o pedido
para juntar a cópia do jornal foi
negado. Deixaram a sala sob vaias
da platéia e dos parlamentares.
Jefferson, que promete discursar em plenário, acompanhou a
votação pela TV, em seu apartamento, em Brasília. Depois, telefonou para cumprimentar os advogados e disse que o resultado
"estava dentro do anunciado".
Os advogados tentarão recorrer
à CCJ (Comissão de Constituição
e Justiça) contra a decisão. Caso
não tenham sucesso, recorrerão
ao STF (Supremo Tribunal Federal). Voz solitária entre os deputados do conselho na defesa de Jefferson, Nelson Marquezelli (PTB-SP), que é suplente -não tem direito a voto- , tentou apresentar
um requerimento pela anulação
do relatório.
(SN E FZ)
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