São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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Sessão tumultuada tem discussão e soco na mesa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A última sessão do Conselho de Ética para definir o futuro de Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi tumultuada, com direito a soco na mesa por parte do relator do processo de cassação, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), e um teatral abandono da sala pelos advogados do petebista.
No início da sessão, Carneiro leu uma nota de esclarecimento rechaçando as acusações feitas pelos advogados de Jefferson de que houve cerceamento da defesa, numa atitude "fascista contra o representado", e vazamento do conteúdo do relatório. Ele também criticou a defesa, afirmando se tratar de uma "peça política com séria fragilidade de ordem técnica e jurídica".
Na seqüência, os advogados do petebista, Luiz Francisco Barbosa e Itapuã de Messias, reagiram. Barbosa usou uma expressão, segundo ele argentina, para a situação: "Tienes razón, pero vas preso [Tem razão, mas vai preso]".
O advogado ainda reclamou que a nota de Carneiro representava um "aditamento formulado na madrugada". Depois, distribuiu exemplares da Folha aos integrantes do conselho, citando reportagem sobre o relatório parcial da CPI dos Correios que reconhece a existência do "mensalão", e exigiu que uma cópia do jornal fosse anexada ao processo.
A intenção da defesa era desbancar um dos principais pontos do relatório de Carneiro, que nega a existência do "mensalão" nos moldes relatados por Jefferson, apesar de apontar "a prática de atos de corrupção por formas e contornos os mais distintos".
Após uma série de críticas mútuas durante suas falas, a discussão terminou em um duro bate-boca entre Carneiro e Barbosa. O relator se irritou quando o advogado insinuou que o voto pela cassação de Jefferson fora divulgado com antecedência. "Eu ainda não votei, estamos na discussão", disse Carneiro. Barbosa retrucou: "Ah, não! Que votou, votou, não há dúvida".
"O senhor está me ofendendo, me respeite, não sou obrigado a aceitar desaforo", rebateu Carneiro, dando um soco na mesa.
A sessão foi interrompida pelo presidente do conselho, mas, ao ser retomada, os advogados abandonaram a sala quando o pedido para juntar a cópia do jornal foi negado. Deixaram a sala sob vaias da platéia e dos parlamentares.
Jefferson, que promete discursar em plenário, acompanhou a votação pela TV, em seu apartamento, em Brasília. Depois, telefonou para cumprimentar os advogados e disse que o resultado "estava dentro do anunciado".
Os advogados tentarão recorrer à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) contra a decisão. Caso não tenham sucesso, recorrerão ao STF (Supremo Tribunal Federal). Voz solitária entre os deputados do conselho na defesa de Jefferson, Nelson Marquezelli (PTB-SP), que é suplente -não tem direito a voto- , tentou apresentar um requerimento pela anulação do relatório. (SN E FZ)


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