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Para relatores, nova denúncia influencia processo de Renan
Advogado diz que senador teria recebido sacolas de dinheiro público obtido a partir de desvios em ministérios do PMDB
Em nota, presidente do Senado diz que denúncia é "requentada" e que o fato atribuído a ele é falso, fruto de imaginação e má-fé
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os relatores do processo contra o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL) no Conselho de
Ética do Senado avaliam que a
nova denúncia de envolvimento em um esquema de lavagem
e desvio de dinheiro contra o
peemedebista tem grande impacto político e torna ainda
mais insustentável sua permanência no comando da Casa.
"Esse ambiente em torno do
Renan forma uma convicção
contra ele. Politicamente sua
situação fica mais complicada",
disse o relator Renato Casagrande (PSB-ES).
Na sexta a Folha revelou que
a Polícia Federal estaria investigando o esquema de lavagem
que envolveria Renan. O caso
começou em setembro de
2006, em um depoimento
prestado à Polícia Civil do Distrito Federal pelo advogado
Bruno de Miranda Lins. Ele relatou que seu ex-sogro, o empresário Luiz Garcia Coelho,
manteria duas contas no exterior e operaria para diversos
políticos do PMDB, entre os
quais Renan. Coelho é pai de
uma funcionária que trabalha
no gabinete do senador.
As revistas "Época" e "Veja"
trouxeram mais detalhes do
depoimento de Miranda. Segundo reportagem das revistas,
Miranda afirmou que Renan
teria recebido sacolas de dinheiro do esquema que envolvia ministérios chefiados pelo
PMDB e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), então
chefiado pelo deputado Carlos
Bezerra (PMDB-MT).
Na opinião de Casagrande, a
situação de Renan a cada dia se
torna mais grave. "Todo esse
quadro negativo em torno dele
tende a prejudicá-lo."
A relatora Marisa Serrano
(PSDB-MS) tem a mesma opinião. "Toda denúncia envolvendo o senador tem impacto
no processo."
Em nota divulgada ontem,
Renan diz que é "matéria requentada" a denúncia feita por
Miranda. "As declarações à Polícia Civil de Brasília, prestadas
pelo sr. Bruno envolvendo meu
nome trata-se de um depoimento feito no curso de uma
separação litigiosa de uma funcionária do meu gabinete."
Segundo a nota, "a Justiça
não deu nenhum valor jurídico
ao assunto por tratar-se de visível expediente de provocar escândalo e pressões processuais
sobre pessoas que nada tem a
ver com briga de casais". O texto dizendo que o "fato a mim
atribuído é inteiramente falso,
fruto de imaginação e má-fé".
O autor da denúncia foi casado com a filha do lobista Luiz
Garcia Coelho, dono da empresa Assessoria LTDA. Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Miranda disse que o
ex-sogro manteria duas contas
no exterior e operaria para políticos do PMDB, entre eles o
próprio presidente do Senado.
Além do deputado Bezerra, o
senador Romero Jucá (PMDB-RR) é citado como participante
do esquema coordenado por
Coelho. Eles teriam, segundo
as revistas, beneficiado o BMG
para a concessão de crédito
consignado. Em troca, o banco
teria pago propina aos integrantes do esquema.
Jucá nega as acusações. Admitiu que conhece Coelho,
com quem tem "uma amizade
protocolar", mas que desconhece qualquer esquema de arrecadação de dinheiro. Segundo ele, na sua gestão o número de bancos credenciados para
operar com crédito consignado
foi ampliado. Disse que demitiu Carlos Bezerra do INSS
quando assumiu o Ministério
da Previdência. Após ter deixado o cargo, Jucá disse que foi
procurado por Coelho, que lhe
pediu ajuda para manter seu filho empregado no ministério,
mas ele teria dito que não tinha
mais ingerência na pasta.
"Não posso responder pelo
Renan. Comigo não teve nada
disso [de sacolas de dinheiro]."
A Folha não conseguiu localizar Bezerra. Em 2006, ele foi
condenado pelo Tribunal de
Contas da União por supostamente ter beneficiado o BMG
no programa de crédito consignado do INSS. O TCU aplicou
multa de R$ 15 mil a ele.
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