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Ruth defende projeto sobre aborto
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A primeira-dama Ruth Cardoso
defendeu ontem a aprovação pelo
Congresso Nacional da lei que regulamenta a realização de abortos
legais em hospitais públicos, afirmando que ela apenas ratifica o
que já está na legislação.
Ela disse que a chegada do papa
João Paulo 2º hoje ao Brasil não
deve ter nenhuma interferência na
votação da lei no Congresso. Para a
primeira-dama, "a relação entre o
Congresso Nacional e o papa é zero". Segundo ela, "esse é um problema da sociedade brasileira".
"Não há nenhuma novidade,
não há nenhum enfrentamento de
quem seja contra ou a favor", disse
Ruth. Para ela, a lei em tramitação
"é um direito garantido que está
sendo estendido às mulheres com
menos recursos, porque elas não
são atendidas no serviço público,
quando deveriam ser".
A lei que tramita no Congresso
permite que sejam realizados na
rede pública de saúde abortos em
casos de gestação causada por estupro ou em casos nos quais haja
risco de vida para a gestante. A legalidade do aborto nesses dois casos está prevista no Código Penal
de 1941. Os comentários de Ruth
Cardoso foram feitos na favela da
Rocinha (zona sul do Rio).
A primeira-dama, que é também
presidente do programa Comunidade Solidária, participou na Rocinha de solenidade de liberação
de R$ 200 mil do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para financiamentos populares feitos pela
ONG (organização não-governamental) Vivacred.
Ruth disse que "há muito tempo
vinha brigando por essa idéia do
crédito popular", acrescentando
que no Brasil há muitas facilidades
para a concessão de crédito "a
quem não precisa dele".
Ela classificou o crédito popular
como "um mecanismo para mudar a sociedade" e afirmou que o
Brasil está muito atrasado em relação a outros países latino-americanos nessa área. Culpou o período
de inflação elevada por esse atraso.
Por esse motivo, segundo ela, foi
necessário ir buscar na Bolívia o
aprendizado para que o Brasil
também tivesse seu sistema crédito popular, que está sendo implantado em várias cidades do país.
Durante a solenidade, realizada
na sede da agência de financiamento, que funciona em um prédio da Rocinha pertencente à Igreja Metodista, Ruth Cardoso participou das assinaturas de dois novos empréstimos feitos pela ONG.
Um foi de R$ 700 para Maria de
Fátima da Costa, dona de um bazar de artigos para festas na favela,
e outros de R$ 200 para a ambulante Maria Isaias.
A linha de financiamento total
do banco BNDES para o Vivacred
é de R$ 600 mil, estando prevista a
liberação dos R$ 400 mil restantes
até janeiro de 98.
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