São Paulo, quinta, 2 de outubro de 1997.



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Ex-ministro estimulou as importações

da Sucursal de Brasília

Ciro Gomes foi ministro num período considerado crítico para o Plano Real pela equipe econômica. Apesar de o governo ter adotado medidas de restrição ao crédito, o consumo aumentou acima do esperado depois de julho de 1994.
O clima eleitoral da época não era propício para a adoção de todas as medidas de restrição necessárias, que vieram depois, em 95. Por isso, a principal arma foi aumentar a oferta de importados.
As tarifas de importação foram reduzidas para evitar falta de produtos e, principalmente, a subida de preços. A equipe econômica reduziu para 20% a alíquota de importação de veículos e eletrodomésticos. Com isso, a alíquota média do II (Imposto de Importação) caiu para 14% no final de 1994.
A redução do II dos automóveis tinha por objetivo acabar com o ágio na venda de veículos novos. No caso dos eletrodomésticos, aumentar a oferta e evitar a falta dos produtos. Ao mesmo tempo, evitava alta dos preços do produto e também dos índices de inflação.
Essa política levou Ciro a reduzir o II de produtos de limpeza, relógios, bebidas, feijão, grão-de-bico e até de lentilha. A redução do II foi usada até para enfrentar a greve dos petroleiros. Em novembro de 94, após o início da greve, ele reduziu para 2% a alíquota do II de produtos químicos e petroquímicos.

Oposição
Ciro se envolveu numa troca de ataques com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputava a Presidência com apoio do PPS, ao qual o ex-ministro acabou de se filiar.
O primeiro atrito ocorreu quando Ciro interferiu na primeira greve deflagrada após o Real, a dos metalúrgicos do ABC paulista. O governo queria evitar reajustes salariais indexados à inflação.
"Por que eles (os empregadores) não dão um carro, ou condições para a compra de um carro, se querem dar um prêmio à produtividade?", sugeriu Ciro, que foi chamado de "trapalhão" por Lula.
As críticas se intensificaram. Lula acusou Ciro de receber aposentadoria por conta de sua gestão no governo do Ceará. Ciro disse lamentar que "o país esteja assistindo à destruição talvez da mais importante liderança popular produzida pela democracia no país".
Ciro ainda desagradou a oposição ao definir a greve dos petroleiros como "antidemocrática, autoritária, fascista e eleitoral".
Em entrevista à Folha, em dezembro de 94, o ex-ministro saudou o eleito FHC, seu provável adversário em 98, como "o político vivo que tem maiores atributos". (VIVALDO DE SOUSA e GUSTAVO PATÚ)


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