São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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PSB
Candidata não esconde decepção
Erundina acreditava em virada nas urnas

SÍLVIA CORRÊA
FREDERICO VASCONCELOS

DA REPORTAGEM LOCAL

"Não vou fazer jogo do contente. Esperava um resultado melhor. Não vou dizer que não estou triste, decepcionada, pois estaria mentindo. Mas a decisão da maioria tem de ser respeitada. Queria estar no segundo turno. Empenhei-me para isso, mas perder não é uma tragédia."
Foi assim que a candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, admitiu a derrota nas eleições municipais paulistanas três horas depois de encerrada a votação na cidade, anunciando que recomendará o voto na petista Marta Suplicy.
Erundina, que passou o dia das eleições visitando redutos eleitorais na periferia, reafirmou durante toda a caminhada que as urnas desmentiriam as pesquisas que não a colocavam com chances de ir ao segundo turno.
"Vamos ver o que dará a última pesquisa, que são as urnas. A confiança é grande, mas estou pronta para qualquer resultado", disse ela, no começo da manhã.
"Quando disse a vocês que acreditava no segundo turno, não estava fantasiando, sonhando. Senti isso mesmo", completou a candidata durante a coletiva, à noite.
Às 18h, Erundina recusou-se a comentar os primeiros resultados das pesquisas de boca-de-urna, afirmando que aguardava uma posição oficial da Justiça Eleitoral.
"Sinto que as pessoas gostam de mim, têm carinho e respeito, mas a simpatia não se reverteu em votos", justificou Erundina, afirmando que uma dos problemas da campanha foi a "falta de recursos de um partido em formação, que está se credenciando como força política no Estado".
"É difícil concorrer com partidos que têm dinheiro, têm experiência de militância, têm a máquina. Fizemos milagre nessa precariedade", afirmou.
Erundina lamentou a performance do pepebista Paulo Maluf, afirmando que "ele representa o que há de mais atrasado na política", mas avaliou que a esquerda sai fortalecida da disputa.
A candidata acordou às 6h30 e assistiu à missa das 8h, no Convento das Carmelitas, na avenida Jabaquara, em Mirandópolis. "Sempre vou à missa quando tenho vontade ou necessidade interior", afirmou no caminho.
No percurso, pessoas acenavam da janela de um ônibus. "Cadê o Ibope?", perguntava a candidata. "Vai ser voto no voto. Os pobres vão fazer a diferença."
Ela foi votar às 11h50 na Escola Estadual Rui Bloem, em Mirandópolis, com o candidato a vice, Emerson Kapaz. Nervosa, errou ao começar a digitar os números. Disse que ficara emocionada ao votar em sua irmã, Lurdinha Erundina, candidata a vereadora pelo PSB. Ficou apenas quatro minutos na seção.
Depois, passou por escolas na Saúde, em Ermelino Matarazzo e no Campo Limpo. Ouviu críticas e elogios. Começou à noite sozinha em casa, ouvindo música.


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