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Pressionado, petista reage ao mercado
XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Mesmo na fase "Lulinha Paz e
Amor", como se autoproclama, o
candidato do PT à Presidência,
Luis Inácio Lula da Silva, rechaçou ontem os palpites de economistas e o conselho do ministro
Pedro Malan (Fazenda) favoráveis à indicação precoce, depois
de eventual vitória na eleição de
domingo, da equipe econômica.
"Vou indicar o ministério no
meu tempo. Quem vai determinar o tempo em que eu vou indicar minha equipe econômica sou
eu, não será o mercado", disse. Na
véspera, em palestra para empreiteiros gaúchos, o consultor de
economia Paulo Rabello de Castro defendeu a nomeação antecipada da equipe. Seria uma forma
de acalmar investidores.
"Até porque o Brasil tem presidente do Banco Central, o Brasil
tem ministro da Fazenda. Eles vão
governar o Brasil até o dia 31 de
dezembro", afirmou o petista.
Malan sugeriu anteontem, em
Washington, a revelação de nomes para a economia e a permanência de Armínio Fraga, presidente do BC, até o mês de março.
Depois das reflexões na linha
"mercado futuro", o próprio Lula
cuidou de descer do "salto alto",
como o candidato tem recomendado aos eleitores nos comícios:
"Eu já tenho muitos nomes da cabeça [da equipe", mas como eu
não ganhei nada ainda, não vou
dizer, não tem sentido".
Isso não significa que Lula não
arrisque palpites sobre o comportamento do mercado. Segundo
ele, o dólar vai cair nos próximos
dias para algo entre R$ 2,90 e R$
3,00. "Acho que tende a ter uma
calmaria no mercado na medida
em que se resolva o problema do
vencimento dos títulos cambiais",
disse. "Quem investiu [em dólar]
vai quebrar a cara, quem especulou vai perder dinheiro."
Lula enfrentou ontem, em café
da manhã promovido pela Young
Presidents Organization, entidade internacional que reúne jovens
empreendedores, parte do empresariado brasileiro considerada
mais arredia ao seu pensamento.
Entre os convidados, Jorge Gerdau, do grupo homônimo, e Olavo Setubal Filho, do Itaú. "Nessa
reunião, eles não foram nem menos nem mais cordiais do que nas
outras reuniões que tenho feito.
Foram civilizados, respeitosos, eu
sai satisfeito", avaliou.
Malan disse ontem em Nova
York que Armínio Fraga "está,
sim, dando conta do recado, fazendo o que deve ser feito com serenidade e tranqüilidade".
Foi uma resposta à declaração
de anteontem de Lula. Falando
sobre a economia brasileira, o petista havia afirmado que "o dado
concreto é que ele [Armínio Fraga] não está dando conta do recado".
Colaborou SÉRGIO DÁVILA, de Nova
York
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