São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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Pressionado, petista reage ao mercado

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Mesmo na fase "Lulinha Paz e Amor", como se autoproclama, o candidato do PT à Presidência, Luis Inácio Lula da Silva, rechaçou ontem os palpites de economistas e o conselho do ministro Pedro Malan (Fazenda) favoráveis à indicação precoce, depois de eventual vitória na eleição de domingo, da equipe econômica.
"Vou indicar o ministério no meu tempo. Quem vai determinar o tempo em que eu vou indicar minha equipe econômica sou eu, não será o mercado", disse. Na véspera, em palestra para empreiteiros gaúchos, o consultor de economia Paulo Rabello de Castro defendeu a nomeação antecipada da equipe. Seria uma forma de acalmar investidores.
"Até porque o Brasil tem presidente do Banco Central, o Brasil tem ministro da Fazenda. Eles vão governar o Brasil até o dia 31 de dezembro", afirmou o petista. Malan sugeriu anteontem, em Washington, a revelação de nomes para a economia e a permanência de Armínio Fraga, presidente do BC, até o mês de março.
Depois das reflexões na linha "mercado futuro", o próprio Lula cuidou de descer do "salto alto", como o candidato tem recomendado aos eleitores nos comícios: "Eu já tenho muitos nomes da cabeça [da equipe", mas como eu não ganhei nada ainda, não vou dizer, não tem sentido".
Isso não significa que Lula não arrisque palpites sobre o comportamento do mercado. Segundo ele, o dólar vai cair nos próximos dias para algo entre R$ 2,90 e R$ 3,00. "Acho que tende a ter uma calmaria no mercado na medida em que se resolva o problema do vencimento dos títulos cambiais", disse. "Quem investiu [em dólar] vai quebrar a cara, quem especulou vai perder dinheiro."
Lula enfrentou ontem, em café da manhã promovido pela Young Presidents Organization, entidade internacional que reúne jovens empreendedores, parte do empresariado brasileiro considerada mais arredia ao seu pensamento.
Entre os convidados, Jorge Gerdau, do grupo homônimo, e Olavo Setubal Filho, do Itaú. "Nessa reunião, eles não foram nem menos nem mais cordiais do que nas outras reuniões que tenho feito. Foram civilizados, respeitosos, eu sai satisfeito", avaliou.
Malan disse ontem em Nova York que Armínio Fraga "está, sim, dando conta do recado, fazendo o que deve ser feito com serenidade e tranqüilidade".
Foi uma resposta à declaração de anteontem de Lula. Falando sobre a economia brasileira, o petista havia afirmado que "o dado concreto é que ele [Armínio Fraga] não está dando conta do recado".


Colaborou SÉRGIO DÁVILA, de Nova York


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